País respondeu com ataques aéreos em Gaza e há mortes de palestinos, diz imprensa israelense. Violência ocorre no dia em que Israel comemora a conquista de Jerusalém.
O Hamas disparou foguetes contra Israel nesta segunda-feira (10), a partir da Faixa de Gaza, após confrontos entre manifestantes palestinos e policiais israelenses em Jerusalém deixarem centenas de feridos nos últimos dias.
O grupo que controla Gaza havia dado um ultimato a Israel para que retirasse as forças policiais na região da mesquita de Al Aqsa até as 18 horas (horário local, 12h em Brasília) e disse que o ataque foi “em resposta à agressão do inimigo na cidade sagrada”.
Minutos após o término do prazo, sirenes de alerta soaram em Jerusalém e perto da fronteira de Gaza. Israel respondeu com ataques aéreos em Gaza e o revide causou mortes, segundo a imprensa israelense.
O temor é que escalada de tensão, que já dura quatro dias e deixou centenas de feridos, pode ser o prenúncio de uma nova Intifada palestina.
A pedido da Tunísia, o Conselho de Segurança da ONU deve se reunir ainda nesta segunda para debate a situação em Jerusalém Oriental, ocupada por Israel há mais de cinco décadas (veja mais abaixo).
Entenda o que motiva a retomada de conflitos em Jerusalém
Quatro foguetes já haviam sido disparados da Faixa de Gaza em direção a Israel no domingo e mais três projéteis foram lançados hoje, segundo militares israelenses.
Mas o Hamas não tinha assumido a autoria dos ataques. Mesmo assim, Israel já havia respondido ao ataque de domingo com tiros de tanques contra posições do grupo que controla Gaza.
O país também fechou a passagem de fronteira de Erez, a única que permite aos moradores de Gaza entrar em Israel.
Foguetes são lançados por militantes do Hamas em Gaza em direção a Israel, em meio à escalada da tensão em Jerusalém, nesta segunda (10) — Foto: Mohammed Salem/Reuters
Dia de Jerusalém
O ataque com mísseis e os confrontos entre palestinos e policiais israelenses em frente à mesquita de Al-Aqsa, na Esplanada das Mesquitas, ocorrem no “Dia de Jerusalém”.
A data do calendário hebraico celebra o dia em que Israel conquistou Jerusalém Oriental e a Cidade Velha, que abriga lugares sagrados muçulmanos, judeus e cristãos, em 1967.
O Dia de Jerusalém é feriado nacional em Israel e é uma data sempre carregada de tensão. Em 2021, ela coincide com o fim do Ramadã, o mês do jejum muçulmano.
Os confrontos têm ocorrido nos últimos dias na Cidade Velha, no complexo da mesquita de Al-Aqsa, que é conhecida pelos muçulmanos como Santuário Nobre e pelos judeus como Monte do Templo.
O local é considerado o mais sagrado do Judaísmo e o terceiro mais sagrado do Islã.
Pessoas seguram bandeiras do Hamas na sexta (7) em frente à mesquita de Al-Aqsa, na Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém — Foto: Ammar Awad/Reuters
Centenas de feridos
Mais de 300 pessoas ficaram feridas e mais de 200 foram hospitalizadas hoje, segundo médicos palestinos. Desde o início dos confrontos, na sexta-feira (7), mais de 600 se feriram (veja mais abaixo).
Os confrontos explodiram na sexta, após um grupo de palestinos ser impedido de entrar no complexo da mesquita Al-Aqsa.
Um grupo protestava após Israel anunciar que vai seguir com o despejo programado de dezenas de famílias palestinas no bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental.
Não houve protestos na praça no sábado (8) e no domingo (9), mas os confrontos entre palestinos e polícia israelense se espalharam para outras áreas de Jerusalém Oriental.
Palestinos confrontam forças em Jerusalém no sábado (8) — Foto: Emmanuel Dunand/AFP
Polícia israelense detém um palestino durante confrontos no complexo que abriga a Mesquita de Al-Aqsa nesta segunda (10) — Foto: Ammar Awad/Reuters
Despejos em Jerusalém Oriental
Em meio aos confrontos, uma audiência que seria realizada nesta segunda na Suprema Corte de Israel, para analisar os despejos, foi adiada.
Um tribunal de primeira instância já decidiu a favor da reivindicação dos colonos judeus sobre as terras onde as casas dos palestinos estão localizadas.
Jerusalém Oriental é reivindicada como a futura capital da Palestina, e palestinos veem a decisão como uma tentativa de Israel de expulsá-los.
Israel diz que Jerusalém é sua capital e indivisível, mas a grande maioria da comunidade internacional reconhece Tel Aviv como a capital do país.
Palestinos fogem enquanto a polícia israelense dispara bombas de efeito moral durante confrontos no complexo que abriga a mesquita Al-Aqsa nesta segunda (10) — Foto: Ammar Awad/Reuters
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