Taxa ficou em 0,31% no mês passado, ante 0,93% em março, puxada pelo pelo reajuste dos medicamentos. Já a gasolina teve 1ª queda depois de 10 meses seguidos de alta. Carnes têm aumento de 35% em 12 meses.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,31% em abril, abaixo da taxa de 0,93% registrada em março, conforme divulgado nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de ter perdido força, no acumulado em 12 meses o IPCA subiu para 6,76%, chegando ao nível mais alto em quase quatro anos e meio e permanecendo acima do teto da meta do governo para a inflação no ano – o centro da meta é de 3,75%, podendo variar entre 2,25% e 5,25%.
“No ano, o índice acumula alta de 2,37% e, em 12 meses, de 6,76%, acima dos 6,10% observados nos 12 meses imediatamente anteriores”, informou o IBGE.
Inflação oficial fica em 0,31% em abril — Foto: Economia/G1
Em 12 meses, IPCA atinge máxima em 4 anos e meio
A taxa acumulada em 12 meses é mais alta desde novembro de 2016, quando ficou em 6,99%. Naquele ano, porém, o teto da meta de inflação era de 6,5%.
O resultado de abril veio dentro do esperado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,30%.
Indicador acumulado em 12 meses segue acima do teto da meta do Banco Central — Foto: Economia/G1
Veja o resultado para cada um dos grupos pesquisados
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta de preços em abril. O maior avanço foi em Saúde e cuidados pessoais (1,19%). Já a inflação de alimentos e bebidas (0,40%) teve o segundo maior impacto no índice e acelerou em relação ao mês anterior (0,13%). Confira abaixo:
- Alimentação e bebidas: 0,40%
- Habitação: 0,22%
- Artigos de residência: 0,57%
- Vestuário: 0,47%
- Transportes: -0,08%
- Saúde e cuidados pessoais: 1,19%
- Despesas pessoais: 0,01%
- Educação: 0,04%
- Comunicação: 0,08%
Remédios mais caros
A principal pressão em abril, segundo o IBGE, veio da alta nos preços dos produtos farmacêuticos, com alta de 2,69% e impacto de 0,09 ponto percentual no IPCA de abril.
No dia 1º de abril, o governo autorizou o reajuste de até 10,08% no preço dos medicamentos, dependendo da classe terapêutica.
A maior variação nos produtos farmacêuticos veio dos remédios anti-infecciosos e antibióticos (5,20%). Houve alta também em produtos como perfumes (3,67%), artigos de maquiagem (3,07%), papel higiênico (2,90%) e produtos para cabelo (1,21%).
Carnes acumulam alta de 35% em 12 meses
Já nos alimentos, os principais impactos em abril partiram das proteínas, em especial carnes (1,01%), leite longa vida (2,40%), frango em pedaços (1,95%). Em 12 meses, as carnes acumulam alta de 35%.
“Isso tem a ver com os custos de produção, sobretudo por causa da ração animal, produzida com milho e soja, que são commodities que estão com os preços em alta”, explicou o gerente da pesquisa.
Outra alta relevante no mês foi do preço médio do tomate (5,46%).
No lado das quedas, as frutas (-5,21%) foram o principal destaque. Já a alimentação fora do domicílio desacelerou (0,23%), após subir 0,89% no mês anterior.
Preço das carnes dispara mais uma vez e consumidor diminui compra
Combustíveis têm deflação
Apenas o grupo transportes (-0,08%) registrou queda de preços em abril, favorecido pela deflação nos combustíveis (-0,94%). O gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, lembrou que foi justamente este grupo que, nos dois meses anteriores, havia puxado a inflação no país.
Após 10 meses consecutivos de alta, a gasolina recuou 0,44% em abril. Mas a queda mais intensa no grupo veio do etanol (-4,93%).
“Nós tivemos, em abril, uma queda de quase 5% no preço do etanol e de 0,44% da gasolina, que é o item de maior peso no IPCA”, apontou o pesquisador. Ele lembrou, ainda, que o preço médio da gasolina havia aumentado em 11% em março.
Em 12 meses, gasolina e etanol ainda acumulam avanço de 35,57% e 37,61%, respectivamente.
Já o gás de botijão (1,15%) registrou, em abril, a 11ª alta consecutiva, acumulando avanço de 21,11% em 12 meses.
Inflação de serviços desacelera
A inflação de serviços também desacelerou na passagem de março para abril – de 0,12% para 0,05%. Dentre os principais serviços investigados pelo IBGE, transporte por aplicativo foi o que apresentou o maior recuo (-11,12%).
Já os maiores aumentos de preços foram observados nas passagens aéreas e aluguel de veículos – respectivamente de 6,41% e 6,20%. Apesar da alta em abril, as passagens aéreas ainda acumulam queda de quase 20% (19,37%) em 12 meses.
Inflação por regiões do país
Todas as áreas investigadas pelo IBGE apresentaram variação positiva no mês. O menor índice foi observado em Brasília (0,11%). Já o maior resultado ocorreu em Rio Branco (1,06%). Em São Paulo, o indicador ficou em 0,75% e no Rio de Janeiro, em 0,63%.
INPC tem alta de 0,38% em abril
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS, ficou em 0,38% em abril, ante 0,86% em março.
No ano, o indicador acumula alta de 2,35% e, nos últimos doze meses, de 7,59%, acima dos 6,94% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Meta de inflação e estimativas do mercado
A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que agora está em 3,50% ao ano.
Na semana passada, o Banco Central elevou a taxa básica de juros Selic em 0,75 ponto percentual e indicou a intenção de fazer novo aperto da mesma magnitude em sua próxima reunião, marcada para junho.
Metas para a inflação estabelecidas pelo Banco Central — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1
Por ora, os analistas das instituições financeiras projetam para o ano uma inflação de 5,06%, portanto abaixo do teto, conforme aponta a última pesquisa Focus do Banco Central. O mercado mantém a expectativa para a taxa Selic em 5,5% ao ano, o que pressupõe novas altas do juro básico.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avaliou nesta terça-feira, na ata da sua última reunião, que a despeito da intensidade da segunda onda da pandemia ter sido maior que a esperada, o segundo semestre do ano deve mostrar uma “retomada robusta da atividade, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente”.
Na avaliação do economista da Necton, André Perfeito, a inflação no momento atual é eminentemente de custos e dificilmente a política monetária poderá, sozinha, dar conta dos desafios. ” A aposta do BCB, reiterada na ata divulgada hoje pela instituição, é que a alta recentemente observada é transitória. Vemos com mais ceticismo este fenômeno uma vez que com as principais economias em alta o choque em commodities deve continuar”, avaliou.
Em 2020, a inflação fechou em 4,52%, acima do centro da meta do governo, que era de 4%. Foi a maior inflação anual desde 2016.
Faça um comentário