O depoimento do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten à CPI da Covid, nesta quarta-feira (12), atraiu as atenções dos senadores para a forma como o governo federal lidou com oferta de vacina da farmacêutica Pfizer, ainda em 2020.
Wajngarten revelou à CPI que uma carta da empresa oferecendo doses ficou sem resposta do governo entre setembro e novembro daquele ano, quando o próprio secretário resolveu entrar em contato com representantes da Pfizer.
A Pfizer afirma que ofereceu 70 milhões de doses ao Brasil, que poderiam começar a ser entregues em dezembro. Mas, de acordo com a empresa, o governo brasileiro não quis. Só depois, em março de 2021, no auge da pandemia, foi firmado um contrato.
A recusa das primeiras ofertas da Pfizer é um ponto frágil do governo a ser investigado na CPI.
Veja o que foi dito até aqui da cronologia dos contatos entre a Pfizer e o governo federal:
15 de agosto de 2020: foi nesta data que, segundo a Pfizer, a farmacêutica ofereceu 70 milhões de doses ao Brasil, com primeiras remessas previstas para dezembro.
12 de setembro de 2020: cúpula do governo brasileiro, inclusive o presidente Jair Bolsonaro, recebe uma carta da Pfizer, com oferta de doses, segundo Wajngarten.
9 de novembro de 2020: Wajngarten toma conhecimento da carta e descobre que ela está há dois meses sem resposta. O ex-secretário, conforme contou à CPI, decide procurar representantes da empresa.
9 de novembro de 2020: No mesmo dia em que respondeu a Pfizer, segundo Wajngarten, ele foi até Bolsonaro para colocar o presidente da República em contato com presidente da Pfizer no Brasil. O ministro da Economia, Paulo Guedes, estava presente a essa reunião. Guedes, de acordo com Wajngarten, conversou rapidamente com a Pfizer por telefone e defendeu a vacinação.
17 de novembro de 2020: Wajngarten relata que, nesse dia, teve uma reunião com o presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo e a diretora de Comunicação da empresa.
7 de dezembro: nova reunião de Wajngarten com representantes da Pfizer. Desta vez, segundo o ex-secretário, a empresa mostrou a caixa em que as doses são acondicionadas na temperatura necessária para não perderem a validade.
7 de janeiro de 2021: a Pfizer divulga uma nota em que revela que, em agosto de 2020, ofereceu a venda de 70 milhões de doses ao governo brasileiro, mas o contrato foi recusado pelo país.
Março de 2021: no auge da pandemia e do colapso na saúde pública, o governo anuncia assinatura do contrato com a Pfizer para o fornecimento de 100 milhões de doses, distribuídas pelos próximos meses.
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