Índia bate novo recorde de mortes por Covid, mas casos despencam.

País superou o recorde diário de óbitos do Brasil e se aproximou do recorde mundial, que pertence aos EUA. Número de infectados em 24 horas caiu de 414 mil para 263 mil em 12 dias.

Índia registrou um novo recorde de mortes por Covid-19 nesta terça-feira (18) e superou os 25 milhões de casos confirmados da doença, mas o número de infectados despencou nos últimos dias.

Foram 4.329 óbitos nas últimas 24 horas, elevando o total de vítimas do novo coronavírus para 278 mil, e 263 mil novos casos, o que fez o número de infectados passar de 25,2 milhões.

O número de mortes superou o recorde diário do Brasil (4,2 mil em 8 de abril) e se aproximou do recorde mundial, que ainda pertence aos Estados Unidos (4,4 mil em 12 de janeiro).

Índia foi responsável por 41% de todas as mortes e 49% de todos os casos confirmados no mundo nas últimas 24 horas, segundo dados do “Our World in Data”, projeto ligado à Universidade de Oxford.

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Paciente com Covid-19 recebe oxigênio e é levada ao Hospital Geral Rajiv Gandhi, em Chennai, no domingo (17) — Foto: R. Parthibhan/AP

Paciente com Covid-19 recebe oxigênio e é levada ao Hospital Geral Rajiv Gandhi, em Chennai, no domingo (17) — Foto: R. Parthibhan/AP

Corpos no Rio Ganges

Mas, apesar dos números astronômicos, há fortes indícios de subnotificação. Especialistas acreditam que os números reais — sobretudo de mortes — podem ser de cinco a dez vezes maiores.

O segundo país mais populoso do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, sofre há mais de um mês com hospitais em colapso e crematórios que não conseguem atender ao volume de corpos.

No sábado (15), policiais encontraram corpos enterrados em covas rasas nas margens do Rio Ganges em Prayagraj e investiga se são cadáveres de vítimas da Covid-19.

No dia 10, dezenas corpos já haviam sido encontrados boiando no rio. A suspeita é que eles foram jogados na água porque os crematórios estão lotados e parentes não têm dinheiro para pagar pelo funeral.

Familiares de Vijay Raju, que morreu de Covid-19, choram antes de sua cremação na aldeia de Giddenahalli, nos arredores de Bengaluru, na quinta (13) — Foto: Samuel Rajkumar/Reuters

Familiares de Vijay Raju, que morreu de Covid-19, choram antes de sua cremação na aldeia de Giddenahalli, nos arredores de Bengaluru, na quinta (13) — Foto: Samuel Rajkumar/Reuters

Casos começam a cair

As mortes seguem em alta na Índia, que há 21 dias consecutivos registra mais de 3 mil óbitos por dia.

Mas o número de casos confirmados começou a despencar. Os 263 mil infectados registrados nas últimas 24 horas representam uma queda de 36% em relação ao pico de 414 mil registrado no dia 6.

É o segundo dia seguido com menos de 300 mil novos casos, após 25 dias consecutivos acima deste patamar, e o menor número de infectados em quase um mês.
 

A pandemia parece estar atingindo um platô nas grandes cidades, mas agora se espalha pelo vasto interior rural do país, que concentra dois terços da população.

O que mais preocupa autoridades e especialistas é que as regiões mais pobres da Índia têm uma infraestrutura de saúde ainda pior do que a das grandes cidades, que está há semanas em colapso.

Parentes ajudam Jagdish Singh, de 57 anos, a sair de uma ambulância na porta de um hospital no distrito de Bijnor, no estado de Uttar Pradesh, no dia 11 — Foto: Danish Siddiqui/Reiters

Parentes ajudam Jagdish Singh, de 57 anos, a sair de uma ambulância na porta de um hospital no distrito de Bijnor, no estado de Uttar Pradesh, no dia 11 — Foto: Danish Siddiqui/Reiters

Problemas da subnotificação

Os casos e mortes por Covid-19 dispararam na Índia desde fevereiro, quando o país registrava menos de 10 mil infectados e 100 mortes por dia e o governo comemorava o “fim da pandemia”.

A virada desastrosa é atribuída sobretudo ao governo, que autorizou que multidões se reunissem em festivais religiosos e comícios políticos, e também a novas variantes do coronavírus.

Especialistas dizem que a Índia ficou para trás nos testes necessários para rastrear e entender melhor a cepa B.1.617, que se espalhou pelo país e já foi detectada em 44 nações de todos os continentes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em abril, os casos mais do que triplicaram e as mortes confirmadas cresceram seis vezes, mas a quantidade de testes só aumentou 1,6 vez, alerta Bhramar Mukherjee, bioestatístico da Universidade de Michigan.

Na segunda-feira (17), o Ministério da Saúde indiano disse que 17 novos laboratórios vão passar a ajudar a rastrear as variantes.

 
 

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