PIB do Brasil cresce 1,2% no 1º trimestre e volta ao patamar pré-pandemia.

Frente ao mesmo trimestre de 2020, avanço foi de 1%. Resultado veio acima do esperado, mas ritmo de recuperação desacelerou em relação ao final do ano passado. Consumo das famílias teve recuo de 0,1%.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,2% no 1º trimestre de 2021, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, segundo divulgou nesta terça-feira (1) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 2,048 trilhões.

Os números do IBGE confirmaram que a economia brasileira iniciou o ano em expansão, mas com desaceleração no ritmo de recuperação, após avanço de 3,2% no 4º trimestre de 2020.

Frente ao mesmo trimestre de 2020, o PIB apresentou crescimento de 1% – a primeira alta após uma sequência de quatro quedas.

Variação do PIB trimestre a trimestre desde 2016 — Foto: Elcio Horiuchi e Guilherme Luiz Pinheiro

Variação do PIB trimestre a trimestre desde 2016 — Foto: Elcio Horiuchi e Guilherme Luiz Pinheiro

 

O resultado veio acima do esperado. A mediana das projeções de 55 instituições financeiras e consultorias procuradas pelo Valor Data era de alta de 0,7% na comparação com o 4º trimestre, e de 0,5% em relação ao 1º trimestre de 2020.

“Mesmo com a segunda onda da pandemia de Covid-19, o PIB cresceu no primeiro trimestre, já que, diferente do ano passado, não houve tantas restrições que impediram o funcionamento das atividades econômicas no país”, avaliou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia

PIB cresce 1,2% no 1º trimestre de 2021, segundo o IBGE

PIB volta ao patamar pré-pandemia mas acumula queda em 12 meses

“Com o resultado do primeiro trimestre, o PIB voltou ao patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia, mas ainda está 3,1% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do país, alcançado no primeiro trimestre de 2014”, destacou o IBGE.

De acordo com a coordenadora da pesquisa, o patamar 3,1% abaixo do pico equivale ao ritmo da economia no final de 2012 e o começo de 2013.

Mesmo com três trimestres seguidos de recuperação, a economia ainda não eliminou, porém, o tombo recorde de 9,2% registrado no 2º trimestre de 2020. No acumulado em 12 meses, o PIB ainda registrou queda de 3,8%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

 

Principais destaques do PIB no 1º trimestre

  • Serviços: 0,4%
  • Indústria: 0,7%
  • Agropecuária: 5,7%
  • Consumo das famílias: -0,1%
  • Consumo do governo: -0,8%
  • Investimentos: 4,6%
  • Exportação: 3,7%
  • Importação: 11,6%
  • Construção civil: 2,1%
PIB sob a ótica da oferta — Foto: Elcio Horiuchi e Guilherme Luiz Pinheiro/G1

PIB sob a ótica da oferta — Foto: Elcio Horiuchi e Guilherme Luiz Pinheiro/G1

Agropecuária foi destaque entre os setores

Os 3 grandes setores da economia avançaram nos 3 primeiros meses do ano, contra o quarto trimestre de 2020. O maior crescimento foi da agropecuária (5,7%), seguida pela indústria (0,7%) e serviços (0,4%).

No agronegócio, a alta foi puxada pela melhora na produtividade e no desempenho de alguns produtos, sobretudo, a soja, que tem maior peso na lavoura brasileira e previsão de safra recorde este ano.

Já na atividade industrial, o avanço foi puxado pelas Indústrias Extrativas (3,2%). Também registraram taxas positivas a Construção (2,1%) e a Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,9%). Somente a indústria de transformação teve retração (-0,5%).

Nos serviços – setor mais prejudicado pela pandemia – houve resultados positivos em Transporte, armazenagem e correio (3,6%), Intermediação financeira e seguros (1,7%), Informação e comunicação (1,4%), Comércio (1,2%), Atividades imobiliárias (1,0%) e Outros serviços (0,1%). A única queda foi na Administração, saúde e educação pública (-0,6%)

 

Miriam Leitão comenta os números do PIB do Brasil no 1º trimestre

 

Consumo das famílias recua com inflação e menos auxílio

Pela ótica da despesa, o consumo das famílias (-0,1%) e o consumo do governo (-0,8%) tiveram queda em relação ao trimestre imediatamente anterior.

“A gente tem visto o governo com problemas orçamentários, não tem tido concursos e tem tido muita aposentadoria, e isso tudo afeta o consumo do governo”, destacou a pesquisadora do IBGE.

O recuo no consumo das famílias – principal motor do PIB nos últimos anos – refletiu a redução do Auxílio Emergencial, o aumento da inflação e o desemprego em patamar recorde. Na comparação com o 1º trimestre do ano passado, queda foi de 1,7%.

“O aumento da inflação pesou, principalmente, no consumo de alimentos ao longo desse período. O mercado de trabalho desaquecido também. Houve ainda redução significativa nos pagamentos dos programas do governo às famílias, como o auxílio emergencial”, destacou Rebeca Palis.
PIB sob a ótica da demanda — Foto: Elcio Horiuchi e Guilherme Luiz Pinheiro/G1

PIB sob a ótica da demanda — Foto: Elcio Horiuchi e Guilherme Luiz Pinheiro/G1

Taxa de investimento e de poupança crescem

Já os investimentos tiveram alta de 4,6% na comparação com o 4º trimestre.

A taxa de investimento avançou para 19,4% do PIB no 1º trimestre, contra 15,9% no mesmo período de 2020 e de 16,4% no consolidado de 2020.

Segundo a gerente da pesquisa, as principais influências para a alta da taxa de investimento foram “o Repetro, a alta da produção interna de bens de capital, aumento de desenvolvimento de softwares, que vem ganhando peso, além do melhor desempenho da construção civil em relação ao 4º trimestre”.

 

A taxa de poupança também aumentou, atingindo 20,6%, ante 13,4% no 1º trimestre do ano passado.

“Até pela restrição, pelo isolamento social e o medo do consumo dos serviços presenciais, houve um aumento da poupança, que beneficiou também o sistema financeiro, tanto pelo aumento do crédito quanto pelos depósitos”, destacou Rebeca.

Exportações e importações

No setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram crescimento de 3,7%, enquanto as importações cresceram 11,6% em relação ao quarto trimestre.

Entre as exportações de bens, os setores que mais contribuíram para a alta foram: extração de minerais metálicos, produtos alimentícios e veículos automotores. Já na pauta de importações, destacaram-se os produtos farmoquímicos para a produção de vacinas, máquinas e aparelhos elétricos, e produtos de metal.

Perspectivas para o ano

Apesar da incerteza ainda elevada e das preocupações relacionadas à pandemia e ao ritmo da vacinação no país, indicadores econômicos têm surpreendido positivamente nos últimos meses, levando à revisões para cima na projeção de crescimento do PIB em 2021.

Na última semana, o mercado financeiro subiu a estimativa para o avanço da economia no consolidado no ano para 3,96%, com diversos analistas prevendo agora uma alta acima de 4%. A estimativa oficial do Ministério da Economia aponta para expansão de 3,5% do PIB em 2021, mas o ministro Paulo Guedes diz que o Brasil pode crescer em torno de 4,5% a 5%.

Já a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) manteve nesta segunda-feira a previsão de crescimento de 3,7% para o Brasil, mas apontou que o pais deverá crescer menos que média mundial.

Apesar da surpresa positiva do resultado do 1º trimestre, permanece a avaliação de que o saldo deste segundo ano de pandemia ainda será uma espécie de “0 a 0”, uma vez que o avanço do PIB de 2021 será muito mais uma devolução do tombo histórico do ano passado.

 

Em 2020, no primeiro ano da pandemia, a economia brasileira caiu 4,1%, registrando a maior contração desde o início da série histórica atual do IBGE, iniciada em 1996, o que tirou o Brasil da lista das 10 maiores economias do mundo.

Evolução do PIB do Brasil — Foto: Economia G1

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