O ataque do tipo ransomware pode provocar atrasos para alguns clientes nos EUA, Canadá e Austrália, diz a empresa.
A maior empresa de processamento de carne do mundo, a brasileira JBS, foi alvo de um ataque cibernético sofisticado.
As redes de computadores da JBS foram hackeadas, fazendo com que algumas operações na Austrália, Canadá e Estados Unidos fossem temporariamente fechadas, afetando milhares de trabalhadores.
A empresa acredita que o ataque do tipo ransomware — em que um vírus sequestra o computador da vítima e criminosos cobram um valor em dinheiro pelo resgate — se originou de um grupo criminoso provavelmente baseado na Rússia, disse a Casa Branca.
A Casa Branca diz que o FBI (polícia federal dos EUA) está investigando o ataque.
O ataque pode até levar à escassez de carne ou aumentar os preços para os consumidores.
“A JBS notificou [a Casa Branca] que o pedido de resgate veio de uma organização criminosa provavelmente baseada na Rússia”, disse a porta-voz da Casa Branca Karine Jean-Pierre na terça-feira (01/06).
“A Casa Branca está se engajando diretamente com o governo russo neste assunto e passando o recado de que Estados responsáveis não abrigam criminosos de ransomware”, acrescentou ela.
JBS: De player brasileiro a multinacional
- A JBS é o maior fornecedor mundial de carnes com mais de 150 fábricas em 15 países;
- Foi fundada no Brasil em 1953 como uma empresa de abate pelo fazendeiro José Batista Sobrinho;
- A empresa agora tem mais de 150 mil funcionários em todo o mundo;
- Seus clientes incluem supermercados e lojas de fast-food McDonald’s;
- Nos EUA, a JBS processa quase um quarto da carne bovina e um quinto da suína;
- Em 2017, a empresa esteve no centro de um escândalo financeiro e político, quando o empresário do grupo Joesley Batista gravou uma conversa que teve com o então presidente brasileiro Michel Temer.
A JBS disse que obteve “progresso significativo” na resolução do ataque cibernético e espera que a grande maioria de suas fábricas esteja em operação nesta quarta-feira (2).
A empresa disse na segunda-feira (31/05) que suspendeu todos os sistemas de TI afetados assim que o ataque foi detectado e que seus servidores de backup não foram hackeados.
O sindicato United Food and Commercial Workers, que representa os funcionários da fábrica da JBS, pediu à empresa que assegure que os trabalhadores continuarão recebendo seu pagamento.
Os sistemas de TI são essenciais em fábricas de processamento de carne. Computadores são usados em vários estágios da produção, incluindo faturamento e envio.
De acordo com o grupo comercial Beef Central, “supermercados e outros grandes usuários finais como a rede de fornecimento de hambúrgueres do McDonald’s serão alguns dos clientes mais imediatamente impactados, devido à sua necessidade de fornecimento consistente”.
As cinco maiores fábricas de carne bovina da JBS estão nos EUA, e as paralisações interromperam um quinto da produção de carne no país, de acordo com a agência de notícias financeiras Bloomberg.
As fábricas na Austrália e no Canadá também foram afetadas, mas as operações da empresa na América do Sul não foram interrompidas.
No mês passado, o fornecimento de combustível no sudeste dos EUA ficou paralisado por vários dias após um ataque de ransomware ter como alvo a empresa de oleodutos Colonial Pipeline. Os investigadores dizem que o ataque também estava relacionado a um grupo com laços com a Rússia.
A Colonial Pipeline confirmou que pagou um resgate de US$ 4,4 milhões (R$ 22 milhões) à gangue cibercriminosa responsável.
O governo dos EUA recomenda que as empresas não paguem aos criminosos por ataques de ransomware.
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