Conforme alguns relatos, há situações em que os criminosos usam os dados que encontram para enviar mensagens em nome das vítimas e pedir ajuda para movimentar a conta.
Resumindo, o problema nem sempre está nos aplicativos. A montanha de informações pessoais acessíveis pelo celular é, por si só, muito útil para a realização de fraudes. É por isso que o bloqueio de tela é imprescindível.
Dedicar um dispositivo para uma tarefa normalmente traz um ganho de segurança, mas a relevância desse ganho vai depender de outros fatores.
Se você adquirir um segundo smartphone barato, cadastrar sua conta nele e deixar sem bloqueio de tela porque dá muito trabalho digitar uma senha e não há biometria, você pode ter piorado sua segurança.
Se esse aparelho secundário for antigo e tiver uma versão desatualizada do sistema, você novamente pode ter piorado sua segurança – a não ser que realmente só utilize o aparelho para chamadas. Mas aí você pode ter problemas caso tenha cadastrado o número em contas on-line.
Apenas adquirir um segundo telefone sem evitar outras práticas arriscadas (manter e-mails eternamente, enviar senhas por mensagem, tirar fotos de cartões…) não vai resolver esse problema. E, como o blog também já comentou, não há medida digital que impeça uma ameaça física, como um sequestro ou violência corporal.
Não existe uma saída perfeita para essa situação, mas precisamos refletir quando uma situação é menos arriscada que outra. Abandonar os aplicativos significa voltar a outros hábitos que também são perigosos – como saques em agências e uso do computador para o internet banking, que normalmente é menos seguro e conveniente do que o celular.
O blog aproveita o assunto de segurança nos aplicativos financeiros para responder mais uma pergunta.
Uso o Internet Banking com frequência para pagamento de contas e transferências. Acredito que o sistema oferece uma boa segurança, pois toda operação precisa ser confirmada por uma senha que é enviada para o celular que estiver cadastrado como vinculado à conta.
No entanto, constatei outro dia que, se esse celular for usado para fazer tais operações, é possível fazer uma transferência de valores elevados diretamente, sem a necessidade de qualquer confirmação. Ou seja, se estiver com um saldo elevado em minha conta corrente e alguém tiver acesso ao meu celular, ele poderá transferir tal valor para outra conta facilmente.
Gostaria de saber se existem alternativas para bloquear esse tipo de operação no celular. – Arcenio
Arcenio, a existência de alternativas dependerá do que é oferecido pelo banco. Recomendo entrar em contato e se informar sobre outras formas de autenticar transferências.
Há, sim, alternativas mais seguras do que o envio de SMS. Sua suspeita está correta. Uma ideia, por exemplo, é usar o gerador de senhas do banco, que normalmente faz parte do aplicativo.
Pode ser até que seu app já esteja utilizando e preenchendo as senhas automaticamente – você pode ter desbloqueado o gerador de senhas logo no início do acesso ao app.
A confirmação por SMS ainda pode ser um “extra” na sua segurança, ou seja, um mecanismo de apoio. Não há problema em usar o SMS desta forma, desde que as senhas geradas no aparelho, ou outra senha de sua escolha, também façam parte do processo.
Avalie também se os limites definidos pelo banco estão de acordo com o seu uso diário. Se estiverem muito altos, fale com a instituição e pergunte se é possível estabelecer valores mais próximos do que você realmente precisa.
“Segurança é um processo, não um produto”. Esta frase do especialista em segurança Bruce Schneier constava na estreia deste blog em 2008, ainda com o nome “Segurança para o PC”. Após 12 anos e meio de notícias, alertas e dicas, este blog chega ao seu último tira-dúvidas.
O mundo digital e a tecnologia estão sempre se transformando, mas o ensinamento de Schneier segue verdadeiro. Não existe um produto mágico capaz de nos dar segurança, mas sim um processo. A evolução que desbrava o novo deve vir acompanhada da confiança de que estamos ampliando mais os horizontes do que os riscos.
O recado desta despedida é que devemos procurar a tecnologia sempre que ela facilite nossas vidas e nos permita fazer mais – trabalhar melhor, nos divertir, aprender –, mas manter o olhar questionador quando um serviço pede nossos dados e um lugar em nossa rotina.
Quando refletimos sobre essas dúvidas – em textos como este –, medimos a confiança que a tecnologia merece. É assim que criamos um caminho para que ela ocupe um espaço em nossas vidas que seja, ao mesmo tempo, amplo e seguro.
Agradeço a todos os leitores pela companhia e lembro que o G1 Tecnologia (que sempre confiou o seu espaço a este blog) continuará trazendo notícias e dicas sobre segurança digital. Até mais!
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