Em caso recente, suspeito de comandar esquema fez vítimas em 4 estados brasileiros e agora tem vida luxuosa em Dubai. Grupo convencia investidores a investir sob a promessa de retorno de até 4% ao mês.
Uma quadrilha suspeita de aplicar golpes financeiros em quatro estados brasileiros, e cujo um dos idealizadores fugiu para Dubai depois de descoberto, acendeu um alerta para esses tipos de armadilha.
O golpe — como muitos outros — começou com a oferta de um grande negócio, com altos rendimentos. Tudo sempre endossado por alguém com grande poder de convencimento.
“O golpe era dado em duas modalidades. Na primeira, a pessoa entregava as economias que tinha, e eles prometiam uma rentabilidade de 3 a 4% por mês. Ao final de um ano, eles também prometiam o retorno de todo o dinheiro investido. Na segunda modalidade, quando as vítimas não tinham dinheiro, pediam para que as vítimas pegassem um empréstimo no banco para investir”, explica Daniela Rebelo, da Delegacia de Defraudações do Rio, que investiga o caso.
O G1 conversou com o professor de economia e comentarista da GloboNews, Daniel Sousa, para tentar identificar e fugir desses golpes.
Garantia
Segundo o professor, não existe garantia em mercado financeiro. Um investidor sério ou um analista de crédito vai sempre alertar que existe um risco esperado no negócio, que a rentabilidade passada não é a mesma futura e, diante disso, oferecer um investimento cujos os riscos o cliente possa lidar.
Rentabilidade
Um dos grandes chamarizes dos golpistas é oferecer sempre um grande negócio, com alto rendimento.
“Hoje em dia, no cenário atual, se falar em rendimento de 10% ao ano é furada. Se falar em 10% ao mês então, é golpe na certa. A taxa que regula investimentos é a Selic, que atualmente é de 4,25% ao ano”, alerta Daniel.
Cartório
Contratos registrados em cartório significam muito pouco na hora de reclamar alguma coisa. O professor esclarece que o ideal é checar o nome da empresa ou instituição financeira junto às autoridades responsáveis.
“Se for um investimento, o ideal é checar junto a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para ver se aquele fundo existe, se está autorizado. Em caso de instituições, basta checar junto ao Banco Central para saber se o banco está regulado, se está autorizado a prestar aquele serviço financeiro”, diz.
Prazo do golpe
Daniel Sousa alerta ainda que um dos fatores que costumam convencer as pessoas que o negócio não é um golpe é o prazo para ele acontecer.
“As pessoas acreditam muito que o golpe vai acontecer de uma vez só, que vão sumir logo com seu dinheiro. Um conhecido veio me pedir consultoria de um negócio alegando que tinha gente recebendo o investimento certinho já há seis meses. Mas tinha característica de pirâmide, era golpe e em algum momento eles parariam de pagar e sumiriam com o dinheiro. Pirâmide foi feita para dar errado. Não tem jeito”, alerta.
— Foto: Infográfico: Elcio Horiuchi/G1
Grupo Pontes e a fuga para Dubai
De acordo com a Delegacia de Defraudações do Rio de Janeiro, o chamado Grupo Pontes, com sede no Rio de Janeiro, mas que atuava ainda em São Paulo, Pernambuco e Sergipe, elaborava um esquema de pirâmide.
Nele, elas eram convencidas a investir altos valores por um ano e a receber lucros de até 4% ao mês. Em outra linha, quando o investidor não tinha dinheiro, era convencido a pegar um empréstimo para fazer o negócio.
A suspeita é que centenas de pessoas tenham sido lesadas no esquema.
A delegada Daniela Rebelo, que investiga o caso, indiciou e pediu a prisão de Gustavo Pontes Galvanho, Tiago Achiles, Rafael Ramiro – apontados como os líderes da quadrilha -, e outras duas pessoas por associação criminosa, crime contra a economia popular e estelionato.
O Ministério Público identificou ainda indícios de crime contra o sistema financeiro do país, e aguarda agora a manifestação da Justiça.
Gustavo Pontes Galvanho deixou o país em setembro do ano passado e agora vive uma vida de luxo em Dubai. Tiago Achiles e Rafael Ramiro seguem no Brasil.
As defesas de Galvanho e Ramiro não se manifestaram.
O advogado de Tiago Achiles, Rôney Neto, diz que seu cliente figura no inquérito da polícia como um dos donos da empresa, mas que ele apenas convencia novos investidores a colocar o seu dinheiro no esquema.
“Ele não fazia isso por má fé, mas porque de fato acreditava no negócio que o Gustavo Galvanho apresentou para ele. Tanto é que o Tiago convenceu o irmão, a esposa e a sogra a investirem também. Os três juntos devem ter perdido perto de R$ 1 milhão”, diz o advogado.
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