Bolsonaro tem alta de hospital e se defende de suspeitas de irregularidades na compra de vacinas.

Presidente ficou 4 dias internado por conta de uma obstrução intestinal. Na saída, sem máscara, defendeu Pazuello, investigado pela CPI da Covid.

Sem máscara, Bolsonaro fala com jornalistas ao deixar hospital em SP neste domingo (18), após 4 dias internado por obstrução intestinal. — Foto: Reprodução/TV Globo

Sem máscara, Bolsonaro fala com jornalistas ao deixar hospital em SP neste domingo (18), após 4 dias internado por obstrução intestinal. — Foto: Reprodução/TV Globo

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebeu alta médica na manhã deste domingo (18) após apresentar um quadro de obstrução intestinal e passar 4 dias internado no Hospital Vila Nova Star, na Zona Sul de São Paulo.

Na saída, o presidente tirou a máscara – que é de uso obrigatório no estado –, falou por cerca de 30 minutos com jornalistas e tirou fotos com apoiadores.

Bolsonaro defendeu seu governo das suspeitas de irregularidades em negociações de vacinas contra a Covid e manifestou apoio ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, investigado pela CPI da Covid.

O presidente comentou a reunião de Pazuello com intermediários que buscavam vender a vacina CoronaVac por quase o triplo do preço pago no contrato com o Instituto Butantan. Em um vídeo ao lado dos intermediários, Pazuello disse que o encontro terminava com um memorando de entendimento assinado e um “compromisso” do ministério de fazer negócio (veja abaixo).

Vídeo registrou momentos finais da reunião entre Pazuello e intermediários de vacina

Vídeo registrou momentos finais da reunião entre Pazuello e intermediários de vacina

Bolsonaro argumentou que muitas pessoas são recebidas no ministério e que se fosse algo secreto ou superfaturado, Pazuello não estaria no vídeo. Questionado se achava normal o ministro receber os intermediários, Bolsonaro respondeu: “Se eu tivesse na Saúde, eu teria apertado a mão daqueles caras tudo. O receber, ele [Pazuello] não estava sentado à mesa”, disse. “Geralmente quando o cara faz, fala em propina, é pelado dentro da piscina.”

Bolsonaro também chamou de “casca de banana” o aumento para R$ 5,7 bilhões do fundo eleitoral, incluído no Projeto de Lei Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2021 aprovado pelo Congresso, mas não disse se irá vetar ou sancionar o dispositivo.

“Então num projeto enorme, alguém botou lá dentro essa essa casca de banana, essa jabuticaba. Agora o Parlamento descobriu, tentou, foi tentado destacar pra que a votação fosse nominal para essa questão e o presidente [da sessão, deputado] Marcelo Ramos (PL-AM), do Amazonas – pelo amor de Deus o estado do Amazonas ter um parlamentar como esse – ele atropelou, ignorou, passou por cima e não botou em votação o destaque”, disse Bolsonaro.

O presidente continuou: “Obrigado aos parlamentares que votaram a LDO. Todos eles estão sendo acusados injustamente. De ter botado esse fundão. E eu sigo a minha consciência, sigo a economia e a gente vai buscar dar um bom final para isso aí. Afinal de contas, eu já antecipo: R$ 6 bilhões para fundo eleitoral, pelo amor de Deus. R$ 6 bilhões na mão do [ministro da Infraestrutura] Tarcísio [Freitas] ele recapearia grande parte da malha rodoviária do Brasil. R$ 6 bilhões na mão do [ministro do Desenvolvimento Regional] Rogério Marinho, ele concluiria água para o Nordeste. Agora, isso tudo, vai para o Orçamento, que nós temos um teto. Cada vez mais eu tenho menos recurso para investir.”

Marcelo Ramos rebateu. Em postagens numa rede social, afirmou:

“Se depender do Bolsonaro ele não é responsável por nenhuma das mais de 540 mil pessoas mortas na pandemia, nem por 15 milhões de desempregados, nem por 19 milhões de brasileiros com fome e nem mesmo pela escandalosa tentativa de roubo na compra de vacinas. Ele deveria é dizer que vai vetar, mas vai tentar arrumar alguém para responsabilizar também, porque é típico dele e dos filhos correr das suas responsabilidades e obrigações”.

Após deixar o hospital, o presidente foi para o aeroporto de Congonhas, onde embarcou para Brasília. Ele disse que deve despachar do Planalto a partir de segunda-feira (19). Segundo sua equipe médica, ele deve continuar a ter acompanhamento ambulatorial.

Acompanhamento ambulatorial

O presidente foi levado para o Hospital das Forças Armadas, em Brasília, na madrugada de quarta, após sentir dores abdominais e um quadro de soluço persistente. O cirurgião Antônio Macedo, médico que o acompanha desde a facada de 2018, decidiu trazê-lo para São Paulo.

A possibilidade de uma cirurgia para desfazer a obstrução chegou a ser cogitada, mas foi descartada após o presidente responder bem ao tratamento chamado de conservador por sua equipe médica.

Bolsonaro teve 1 litro de líquido tirado do estômago, segundo o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

Nos primeiros dias de internação, o presidente usou uma sonda nasogástrica para se alimentar. Na sexta (16), começou a receber dieta líquida e, no sábado (17), uma dieta cremosa.

O presidente não se afastou do cargo durante a internação, e seguiu despachando do hospital.

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