Dados são do Operador Nacional do Sistema. Escassez de chuvas exige acionamento de usinas termelétricas, cuja geração é mais cara e provoca aumento no custo da conta de luz.
O Brasil registrou em julho recorde na geração de energia por usinas termelétricas e a menor produção de energia por hidrelétricas para o mês desde 2002, mostram dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A energia gerada em termelétricas é mais cara e provoca aumento no custo da conta de luz.
Esse cenário é reflexo do agravamento da escassez hídrica nos últimos meses. O problema é causado pela falta de chuvas. Consequentemente, há queda no armazenamento de água nos reservatórios das hidrelétricas.
Para poupar água, o governo aciona mais termelétricas, que geram energia por meio da queima de combustíveis como óleo e gás natural. A ampliação do uso das termelétricas vem provocando aumento nas contas de luz.
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De acordo com o ONS, termelétricas geraram 18.625 megawatts-médios (MWmed) em julho de 2021, maior quantidade da história e o dobro do verificado em março deste ano (9.341 MWmed).
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Antes, o recorde havia sido registrado em outubro de 2017, quando a geração de energia por meio de termelétricas ficou em 17.711 MWmed.
As hidrelétricas produziram 34.489 MWmed, menor nível desde fevereiro de 2002 (33.775 MWmed), último mês do racionamento de energia, que havia começado em 2001.
Em se tratando de meses fechados, os números de julho são os mais recentes disponíveis no site do ONS.
Crise energética: baixa do nível dos reservatórios compromete as hidrelétricas
Resposta do ministério
O G1 perguntou ao Ministério de Minas e Energia se os números do ONS indicam piora na situação dos reservatórios das hidrelétricas e o aumento dos riscos de apagões e de um novo racionamento de energia no país.
O ministério enviou resposta, mas não se manifestou especificamente sobre o questionamento do G1. Em vez disso, listou uma série de medidas adotadas para aliviar o impacto da crise hídrica e garantir o atendimento da demanda por energia no país.
“Desde outubro de 2020, o Ministério de Minas e Energia (MME) tem adotado diversas medidas para mitigar o impacto no setor elétrico do pior cenário de escassez hídrica da história do país. Entre as ações mais recentes, destacam-se o decreto que estabelece a redução do consumo de energia elétrica na administração pública federal e os programas para redução voluntária da demanda por grandes e pequenos consumidores”, diz a nota.
“A Câmara de Regras Excepcionais para a Gestão Hidroenergética (CREG) editou duas resoluções para enfrentamento do cenário de aumento nos custos de geração decorrente da escassez hídrica: a criação de novo patamar de bandeira tarifária e o lançamento do Programa de Incentivo à Redução Voluntária do Consumo de Energia Elétrica”, complementou o ministério.
No fim de agosto, o governo e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciaram um novo patamar de bandeira tarifária. Chamada de “bandeira tarifária escassez hídrica”, começou a vigorar em 1º de setembro e introduziu nas contas de luz uma cobrança adicional de R$ 14,20 a cada 100 kW/h consumidos.
A previsão é que a nova bandeira permaneça em vigor até 30 de abril de 2022.
Também no fim de agosto, o governo anunciou um programa que dará desconto na conta de luz dos consumidores residenciais e pequenos negócios que reduzirem de forma voluntária o consumo de energia.
Esse programa prevê um bônus para quem diminuir o consumo de energia entre setembro e dezembro em, no mínimo, 10% em relação ao mesmo período de 2020.
O desconto será de R$ 0,50 por cada quilowatt-hora (kWh) do volume de energia economizado, dentro de uma meta de 10% a 20%. Quem economizar menos que 10% não receberá bônus, e quem economizar mais que 20% não receberá prêmio adicional.
O G1 também procurou o ONS e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.
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