Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na sede da Global Medicamentos. Empresa pertence a Francisco Maximiano, também dono da Precisa, que é investigada pela CPI da Covid por supostas irregularidades na negociação da compra da vacina indiana Covaxin pelo governo federal.
A Polícia Federal cumpriu nesta quinta-feira (30) mandados de busca e apreensão na sede da empresa Global Gestão em Saúde, em Barueri, na Grande São Paulo, em uma investigação sobre um suposto esquema de lavagem de dinheiro.
A empresa pertence a Francisco Emerson Maximiano, também dono da Precisa Medicamentos, que é investigada pela CPI da Covid por denúncias de irregularidades na negociação da compra da vacina indiana Covaxin pelo governo federal.
A Precisa atuou como uma intermediária entre o laboratório indiano Bharat Biotech, fabricante da vacina Covaxin, e o Ministério da Saúde. A empresa nunca divulgou detalhes do contrato, incluindo o valor que arrecadaria como representante brasileira na negociação.
A ação desta quinta (30) é feita em parceira com o Ministério Público e a Receita Federal.
Em nota, os advogados de Francisco Maximiano e da Global Saúde, afirmam que não há elementos que justifiquem a operação.
“Chega a ser surreal repetir a mesma busca e apreensão pela terceira vez em 13 dias, dessa vez para ir atrás de documentos sobre o que delatores disseram que teria acontecido sete anos atrás. Não há qualquer contemporaneidade ou qualquer elemento mínimo para justificar essa operação. O que há, sim, é um oportunismo, graças ao retorno da pirotecnia em torno das operações policiais que, em tempos racionais, jamais seriam deferidas pelo Poder Judiciário, ante a manifesta ausência de fundamentação.”
Agentes da PF cumprem mandos de busca e apreensão na sede da Empresa Global Medicamentos — Foto: Abraão Cruz/TV Globo
Ao todo, são cumpridos oito mandados de busca e apreensão na Grande São Paulo e na cidade de Passos, Minas Gerais. As ordens judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Segundo a PF, o objetivo é apurar um esquema de lavagem de dinheiro e corrupção de agentes políticos em troca de apoio na contratação de empresas pertencentes aos investigados por empresas públicas do governo federal.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, o grupo investigado simulou várias operações comerciais e financeiras inexistentes para desviar dinheiro de empresas que atuam na área de medicamentos à empresas de fachada.
O dinheiro em espécie gerado por meio dessas operações eram usados para o pagamento de propina a agentes políticos em troca de favorecimento na contratação das empresas por estatais.
Os envolvidos poderão responder, na medida de sua participação nos fatos, pelos crimes de associação criminosa, corrupção ativa e passiva, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e operação de instituição financeira sem autorização.
Histórico
A operação faz parte da Descarte, força-tarefa composta por policiais federais, auditores fiscais da Receita Federal e por um procurador da República do Ministério Público Federal em São Paulo, que foi iniciada em 2018.
A investigação surgiu a partir da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato.
A 1ª fase, deflagrada em março de 2018, mirava um esquema de fraudes e lavagem de dinheiro comandado por uma concessionária que atua no serviço de limpeza pública da cidade de São Paulo.
Em 2019, a delação de advogados suspeitos de participar do esquema permitiu a PF deflagrar novas fases da operação.
No ano passado, durante a fase “Silício”, a PF chegou até a empresa IMA do Brasil, que pertence a Marco Carbonari.
Ele foi vice-presidente da Xis Internet, empresa de telecomunicações que tem como sócio o Francisco Maximiano, dono das empresas Precisa e Global.
Foi investigando Carbonari que os investigadores recolheram as provas que subsidiaram a operação desta quinta (30).
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