Economia chinesa cresceu em ritmo mais lento, prejudicada por crise de energia, interrupções na cadeia de abastecimento, risco de calote no setor imobiliário e surtos esporádicos de Covid-19.
A economia da China cresceu em um ritmo mais lento em um ano no terceiro trimestre de 2021, prejudicada por crise de energia, interrupções na cadeia de abastecimento, agravamento das dívidas em seu setor imobiliário e surtos esporádicos de Covid-19.
Os dados divulgados nesta segunda-feira (18) mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,9% em ritmo anual entre julho e setembro, após avanço de 7,9% no período de abril a junho.
É o desempenho mais fraco desde o terceiro trimestre de 2020, quando o PIB chinês também registrou 4,9%.
PIB da China — Foto: Economia g1
O resultado também ficou abaixo das previsões. Analistas consultados pela agência AFP projetavam um crescimento de 5%.
“Devemos considerar que estão aumentando as incertezas no cenário internacional e que a recuperação econômica interna ainda é instável e desigual”, afirmou o porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas (ONS), Fu Linghui.
As bolsas da Chna fecharam em queda, pressionada também pela alta dos preços do petróleo que alimentava preocupações com a inflação. As blue chips chinesas caíram 1,2%, e o índice composto de Xangai perdeu 0,1%.
A segunda maior economia do mundo se recuperou da pandemia, mas a recuperação está perdendo fôlego, prejudicada também pela atividade fabril vacilante e desaceleração no consumo.
“O crescimento foi afetado por uma queda no setor imobiliário, amplificado recentemente pelos problemas da Evergrande”, explicou Louis Kuijs, diretor para Economia Asiática da Oxford Economics.
As dificuldades da gigante imobiliária Evergrande, que acumula dívida de mais de 300 bilhões de dólares, afetaram o ânimo dos possíveis compradores do setor.
O Banco Central da China, no entanto, afirmou que qualquer impacto da Evergrande será controlável. O presidente da instituição, Yi Gang, afirmou no domingo em um seminário que as autoridades estão atentas aos problemas com um possível não pagamento de algumas empresas.
Yi também afirmou que o PIB chinês deve crescer quase 8% este ano.
Crise de energia e interrupções na cadeia
Kuijs, porém, destacou que o país sofreu um “golpe adicional em setembro” com os apagões e cortes na produção devido a uma aplicação estrita das metas climáticas e de segurança por parte dos governos locais.
Ele explica que o problema foi visível na queda da produção industrial, que desacelerou a 3,1% na comparação anual até setembro.
“O PIB frágil do terceiro trimestre reflete uma combinação de fatores negativos, como interrupções na cadeia de abastecimento”, comentou Rajiv Biswas, economista chefe para Ásia-Pacífico do IHS Markit.
Analistas da Fidelity International disseram que, embora os temores do setor imobiliário estejam no “epicentro do choque”, o obstáculo econômico é exacerbado pelo problema de energia, por fechamentos regionais e a estratégia de “covid zero”, que atingiu o setor de serviços.
O racionamento de energia elétrica das últimas semanas, o crescente custo das matérias-primas e as medidas climáticas do governo provocaram uma redução das atividades de mineração e manufatureira.
Ao mesmo tempo, as vendas no varejo cresceram 4,4%, contra 2,5% em agosto, com a suspensão de algumas medidas de contenção sanitária no país, que provocaram fechamentos de emergência em algumas áreas afetadas pelo vírus.
A taxa de desemprego urbano alcançou 4,9% em setembro.
O governo chinês tenta calibrar a economia para orientá-la mais aos consumidores e menos para o investimento e as exportações.
Mas as autoridades precisam manter um equilíbrio delicado entre o apoio ao crescimento e conter a inflação, diante do aumento mais acelerado nos preços de fábrica dos últimos 25 anos.
A demanda continua forte, mas fatores como o clima extremo e os focos de Covid – além da crise energética e o abalo do mercado imobiliário – provocaram a desaceleração econômica chinesa, destacam os analistas.
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