Tite prega paciência com Vini Jr, vê Seleção entrando em novo estágio e “segura” escalação

Técnico projeta duelo desta quinta-feira e fala dos planos do Brasil até a Copa do Mundo

O técnico da seleção brasileira masculina, Tite, pregou paciência com o atacante Vini Júnior na seleção brasileira e disse ter conversado com Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid, sobre questões táticas e comportamentais do jovem jogador, de apenas 21 anos.

Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, véspera do duelo contra a Colômbia, pela 13ª rodada das Eliminatórias, Tite comentou a situação de Vini Jr, convocado após corte de Roberto Firmino. O atacante tem sete partidas e 189 minutos disputados com a amarelinha.

– Tendo paciência e compreensão do jovem, do tempo que ele possa ter para afirmação dentro da Seleção, criar um ambiente receptivo para que ele possa ter esse desenvolvimento. Me parece que ele passou um tempo de adaptação no Real bastante grande, e que foi dando aos poucos a ele essa maturidade que ele possa desenvolver e chegar no estágio que está. Também na seleção é assim, a gente tem que ter consciência da preparação do atleta. Nós também servimos para fomentar, consolidar, reafirmar, orientar, evoluir. É o nosso processo – comentou o técnico.

Em seguida, o treinador tratou do posicionamento de Vinicius Júnior no clube e na Seleção:

– O Real trabalha num tripé no meio de campo, que sustenta o lado esquerdo, deixando ele numa posição de penúltimo atacante, às vezes até o último, quando o Benzema vem um pouco mais. Nós não usamos mais esse tripé. Então, ele vai ter só a função de ataque, de ser jogador agressivo, ter toda essa liberdade. E ter uma compactação defensiva, setorizada, numa segunda linha de quatro, que ele vem. E isso eu conversei com Ancelotti, daquilo que ele tem da fase ofensiva e defensiva, para dar a ele essa tranquilidade maior para desenvolver. Mas já trabalhando essa evolução.

Tite conversa com Vinicius Júnior em treino da Seleção em 2020 — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Tite conversa com Vinicius Júnior em treino da Seleção em 2020 — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Na entrevista, o treinador não quis falar os 11 jogadores que iniciarão a partida desta quinta-feira, contra a Colômbia, mas avisou que a escalação será exibida no treino desta tarde.

Uma possível formação é: Alisson, Danilo, Marquinhos, Thiago Silva e Alex Sandro; Casemiro, Fred e Lucas Paquetá; Raphinha, Gabriel Jesus e Neymar.

A partida, válida pela 13ª rodada das Eliminatórias, terá transmissão ao vivo da Globo, do SporTV e do ge para todo o Brasil.

Com a classificação para o Mundial do Catar praticamente assegurada, Tite vê a Seleção entrando agora em uma nova etapa da preparação para a busca do hexa:

– Para mim, estamos classificados, com a pontuação que temos, para a Copa do Mundo. E diferentemente do outro estágio, agora parte para o estágio de preparação específica para jogos de Copa do Mundo, onde vamos enfrentar, por exemplo, uma Colômbia, numas quartas, numas oitavas de final. É fato, como aconteceu em 2014. Trabalharmos nesse objetivo real, a grandeza do jogo. E, para mim, (a Colômbia) vai estar na Copa, e nós estarmos e trabalharmos em cima dessa evolução e dessa pressão que estou colocando agora – opinou.

Tite, técnico da seleção brasileira, durante treinamento — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Tite, técnico da seleção brasileira, durante treinamento — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Depois da partida contra a Colômbia, o Brasil faz o clássico contra a Argentina na próxima terça (dia 16), em San Juan.

Líder das Eliminatórias com 31 pontos e invicta após 11 jogos da competição, a Seleção está com a classificação encaminhada para a Copa do Catar. O Brasil irá carimbar o passaporte caso vença a Colômbia na quinta e o Uruguai não vença a Argentina na sexta.

Veja abaixo outros trechos da entrevista de Tite:

Colômbia

– Se você pegar a retrospectiva da Colômbia, vai ver que em 2014 nos enfrentou nas quartas de final. Por si só, já chancela. Em 2018, fez oitavas de final contra a Inglaterra, disputada nos pênaltis a classificação. Por si só, a exigência técnica das duas eliminatórias que tive oportunidade de participar, ela tem mostrado a grandeza nesses jogos.

– A Colômbia evoluiu. Depois do (ex-treinador Francisco) Maturana começou com uma geração muito forte e atletas com uma ideia de futebol de qualidade, enfrentamento de qualidade técnica. Muitos atletas indo para a Europa, experiência europeia, a grande maioria com base na Itália e na Inglaterra. Vai chancelando.

(César Sampaio, auxiliar) – Foram terceiro colocados na Copa América. É uma equipe que na Copa América mudaram um pouco o comportamento, sempre teve rivalidade grande, mas a qualidade técnica era prioridade. A Colômbia na década de 90, 2000, o talento era o diferencial técnica. Vieram para um jogo mais de embate, e no segundo jogo até se desculparam. O Rueda e o auxiliar vieram falar com o Tite que passaram um pouco do tom. Mas é um adversário que os números mesmo mostram, e estamos bem preparados. Conhecemos o adversário como eles nos conhecem, uma equipe que ainda não vencemos. O jogo tem todo esse cenário e a gente espera estar preparado para merecer essa vitória.

Raphinha

– A relação expectativa-realidade. Quando a gente não gera expectativa sobre um atleta porque ele não tinha tanta evidência no Brasil, tudo que ele fizer, é “puxa, como é legal”. E também tem que entender se jogar o sarrafo da expectativa para cima, tudo que ele fizer, não alcança. Calma… O início dele é impressionante, o histórico no próprio Leeds e na Seleção foi com uma marca muito forte, mas eu tenho discernimento para saber que as oscilações vão acabar acontecendo, mas que não sejam muito grandes, que o jogador mantenha um nível de atuação e auxilie a equipe a ter um nível de atuação bom. E partir desse bom tu tem picos de excelência, essa é a ideia.

Philippe Coutinho

– Sobre a posição-função do Couto: qualquer um dos dois lados, desde que não seja a função do Jesus de atacar espaço, mas ser mais um articulador, na posição de Paquetá, Everton Ribeiro, que têm essa penúltima bola, do arco para que sejam flechas na frente. Essa a gente vai tirar dele o seu melhor, pelo lado e até por dentro, sendo homem que possa vir buscar mais para deixar o atacante mais infiltrado. São funções que ele tem função de exercer. E o Couto, vou repetir uma declaração do auxiliar anterior do Barcelona, da gente também trabalhar para resgatar aquilo que o Couto tem de talento. Não se discute talento, diz o Jorge Aragão. A gente tem que retomar esse processo todo do jogador que ele. E essa titularidade depois, ele vai disputar de forma leal com os outros, ninguém tem cadeira cativa.

Faltam articuladores? E mais Coutinho

– Vou me fazer valer um pouco do Juninho. Nessas observações que a gente faz numa reunião de comissão técnica, a gente tem especificidades de atletas que trabalharam numa função e tem um feeling mais aguçado para uma análise. Quando eu pego o Taffarel, ele vai trazer detalhes específicas, que pode passar com muita profundidade e consistência. E isso é muito legal, quando alguém te argumenta de forma densa, pesada, forte. E não aquela coisa de dá ou não dá. Falo isso porque o Juninho diz assim: “Articuladores, a gente tem, sim. Everton Ribeiro, Coutinho, Paquetá, Neymar, que veio para a função. Temos Claudinho, Veiga.” Jogadores que a gente vai trabalhando para ter condições de se preparem para a Copa do Mundo.

 
O Coutinho de hoje não é o melhor Couto, mas é um grande Couto, que tem hoje uma projeção de atleta de alto nível. Ajudar a trazer o que o Couto foi no Liverpool.
— Tite

– Esse processo também compete a nós, mesmo sabendo que agora ele também tem condições, senão no jogo todo, mas eventualmente também tendo a necessidade – já estou escalando ele, deixando fora do time -, mas dentro da necessidade poder contribuir. E acompanhar a sequência pelo talento que tem, chancelado pelo Juninho.

Posicionamento de Gabriel Jesus

– Gabriel é atacante, 9 ou 7. Ou é de lado, ponta, externo, agressivo, ou é 9 também de infiltração, passe em profundidade. Ele tem as características para um ou outro. Histórico também na seleção. Contra o Equador, depois teve sequência. Campeão da Copa América jogando pelo lado. Ele tem essa versatilidade, tem as virtudes físicas e técnicas para executar uma ou outra função. O fazer gol é muito de oportunidades que surgem. Eu lembro do Edimar, com quem joguei, que dizia: “eu chego atrasado, ela bate e sobra pra mim e eu guardo. Outras eu estou no local, acompanho a jogada e ela não vem”. No outro jogo já apareceu, mas teve grandes defesas do Muslera, em duas ou três finalizações precisas, que é o que eu cobro do atacante, que o trabalho específico vem dando e o Gabriel Jesus pode dar.

Convite para Xavi ser auxiliar

– Eu não tenho todas as informações do Xavi para fazer uma análise mais profunda. Conheço ele de dentro de campo e com informações da imprensa que são superficiais. Às vezes, não conhecemos nós que somos colegas, então tecer conceitos é complicado. Foi conversado comigo, o Rogério Caboclo falou dessa possibilidade, sim, e disse que ia conversar com ele. Eu disse que sim, porque ele poderia trazer como auxiliar toda a bagagem que ele trouxe do campo, mais a experiência fora. De capitão, dessa conduta que deu pra acompanhar de longe de correção, conhecimento, ideias. A partir daí, não sei, o Rogério colocou pra vocês, mas isso foi colocado. E logo depois foi colocado do Muricy, sim, e foi pedido, sim. E esse é um segundo estágio, porque o Muricy é o atual.

(César Sampaio, auxiliar) – Sobre o Xavi, num primeiro momento, que o próprio Caboclo mencionou, era a ideia de um observador na Europa, dentro da preparação da gente para o Mundial, que não se concretizou. É uma construção, quanto a atrapalhar ou não, nada. Quanto mais informação e elementos tivermos na preparação para o Mundial só vem a engradecer, quanto mais uma figura internacional. Se viesse seria muito bem-vinda.

Como manter desempenho obtido contra o Uruguai

– Fez uma grande atuação, sim. Teve média de posse de bola inferior à que a gente tem. Mas ela criou inúmeras possibilidades de gol. E a gente pega dados para refletir sobre uma análise qualitativa. Ela teve o número maior de passes. E o que o número de passes está ligado às oportunidades, e número de gols feitos, e uma atuação que das 11 para mim está no Top 2. Sim, porque ela teve a qualidade do passe muito boa e verticalizou bastante. A característica dessa equipe era jogar menos para o lado e mais para frente. Essa é a característica que está se moldando a equipe. Mesmo sabendo que faz um gol no início do jogo, facilita as ações, o adversário tem que sair mais. E se é uma equipe mais pesada, e o Uruguai era, ele vai te dar mais espaços. Isso não retira a nossa qualificação e valor, mas a gente sabe o o que o jogo se apresentou, tu faz o gol e te proporciona mais espaços, independente da grande atuação que teve.

Lucas Veríssimo

– Eu, Juninho e doutor (Rodrigo Lasmar) queremos conversar com ele por vídeo, para nos solidarizar com ele. Do quanto é importante a saúde, qualquer que seja a atividade profissional, alto nível só se dá com saúde. E que ele vai ter a força suficiente para que tenha condição de retornar, retornar bem, como tantos outros exemplos, como ele mesmo no Santos. E lembrar como ele chegou na seleção brasileira, a gente vai fazer. É algo que é nossa, de conduta pessoal, de relacionamento profissional, pessoal, que às vezes o bastidor fala, e estou permitindo falar.

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