Objetivo do projeto ‘Políticas de Saia’ é mapear a violência política contra mulheres no país.
Detalhe da urna eletrônica e a tecla confirma — Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE
Cerca de 78% das mulheres que se candidataram a algum cargo público afirmam que os partidos políticos não cumpriram a promessa de apoio para suas campanhas. É o que aponta a pesquisa “Políticas de Saia”, do Instituto Justiça de Saia, da promotora Gabriela Manssur, divulgada nesta quinta-feira (25).
A informação consta nas respostas de 1.194 mulheres, colhidas entre os dias 8 de outubro e 22 de novembro. Participaram da pesquisa eleitoras, lideranças políticas, candidatas e mulheres eleitas. O objetivo do projeto é mapear a violência política contra mulheres no país até outubro de 2022.
“Os dados são necessários para que nós possamos pleitear comprometimento das pessoas que têm a legitimidade para agir nessas situações – os líderes dos partidos, dos diretórios”, disse a promotora, acrescentando que o apoio também deve acontecer antes de uma candidatura, na orientação sobre como se candidatar.
Entre as 155 mulheres que afirmam ter se candidatado a algum cargo público, 123 não foram eleitas (79,4%) e 121 (78%) informam que a promessa de campanha para a candidatura a cargo não foi cumprida pelo partido. Elas concorreram a cargos de vereadora (90,8%), deputada estadual (11,8%), prefeita (3,9%), vice-prefeita (3,3%), deputada federal (10,5%) e senadora (1,3%).
Das candidatas eleitas, apenas 42 (29,4%) exercem alguma liderança na casa legislativa local.
“Me incomoda muito os homens definindo os direitos das mulheres sem a participação de nenhuma de nós, como se soubessem o que é melhor para nós. Precisamos mostrar para a sociedade qual é o impacto da presença de mulheres nos cargos de liderança, afirmou Manssur.
O levantamento também aponta que 89% das mulheres não se sentem representadas pelos homens na política. Para 96,7% das entrevistadas, a existência de mais mulheres na política impacta positivamente o desenvolvimento de políticas públicas e ações em prol das mulheres.
Na Câmara Municipal de São Paulo, por exemplo, embora a representatividade feminina tenha aumentado em 2020 em relação a 2016, ela ainda é muito inferior à masculina. Das 55 vagas, apenas 13 são ocupadas por mulheres, o que corresponde a 24%
Formas de violência
A maioria das mulheres (51%) também afirmou que já sofreu algum tipo de violência nos espaços de poder e de exercício político. Entre as formas de violência estão:
- Ofensas morais e os xingamentos (50,3%)
- Exclusão, expulsão ou restrição a espaço político (35,9%)
- Ameaças (21,6%)
- Ataques sexuais (18%)
- “Fake news” (16,8%)
- Agressão física (6%)
- Invasão de redes sociais (7,4%)
A pesquisa pode ser acessada no site da organização Justiceiras. Além de participar do levantamento, as mulheres podem denunciar violências, realizar depoimentos e, se optarem, receberem apoio jurídico e psicológico.
A promotora também afirmou que os resultados da pesquisa e das denúncias colhidas devem ser apresentados na ouvidoria das mulheres no Conselho Nacional do Ministério Público.
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