Intimidados por Bolsonaro, servidores da Anvisa relatam abalo nas equipes técnicas e estudam reação

Segundo apuração do blog, técnicos da agência viram como uma ameaça a declaração do presidente de que seus nomes serão divulgados e devem decidir sobre posicionamento do grupo nesta sexta (17).

O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A intimidação do presidente Jair Bolsonaro (PP) a servidores da Anvisa na quinta-feira (16), ameaçando a divulgação de nomes dos técnicos que aprovarem a vacina contra Covid para crianças, abalou fortemente as equipes técnicas do órgão.

Na noite de quinta, o presidente — que declara não ter se vacinado — levantou dúvidas sobre a decisão da Anvisa em uma transmissão ao vivo nas redes sociais. O presidente cobrou a divulgação do nome dos responsáveis pela autorização e disse que os pais devem avaliar se darão ou não o imunizante.

“Não sei se são os diretores e o presidente que chegaram a essa conclusão ou é o tal do corpo técnico, mas, seja qual for, você tem o direito de saber o nome das pessoas que aprovaram aqui a vacina a partir dos cinco anos para o seu filho. (…) Agora mexe com as crianças. Então quem é responsável é você pai. Tenho uma filha de 11 anos. Vou estudar com a minha esposa qual decisão tomar”, disse Bolsonaro.

Segundo relatos ouvidos pelo blog nesta sexta-feira (17), houve um “impacto muito forte no moral” dos servidores que, até aqui, vinham trabalhando contra a pandemia com segurança, apesar do esforço contrário do presidente Bolsonaro, mas cientes de que estavam fazendo um trabalho técnico.

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Agora, com a ameaça de Bolsonaro, há um “clima reinante” de preocupação entre os servidores — que estudam uma reação ao presidente da República.

Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa — Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa — Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

A reação, segundo fontes ouvidas pelo blog, pode até ser por meio de uma nota.

A decisão sobre qual posicionamento a agência, liderada por Barra Torres, adotará deve sair nesta sexta-feira.

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