Consulta sobre vacinação com Pfizer para crianças de 5 a 11 anos vai ficar aberta até 2 de janeiro. Em outubro, a farmacêutica disse que a vacina é segura e mais de 90,7% eficaz na prevenção de infecções nesta faixa etária.
O Ministério da Saúde anunciou, na manhã desta quarta-feira (22), que vai abrir uma consulta pública sobre vacinação infantil a partir desta quinta (23).
A consulta sobre a vacina para crianças de 5 a 11 anos vai ficar aberta até 2 de janeiro. De acordo com o texto publicado no Diário Oficial da União, o período é aberto para que “sejam apresentadas contribuições, devidamente fundamentadas”.
(CORREÇÃO: ao publicar esta reportagem, o g1 errou ao informar que a consulta pública vai até 16 de janeiro. Na verdade, vai até 2 de janeiro. A reportagem foi corrigida às 10h56.)
A imunização para essa faixa etária foi autorizada pela Anvisa no dia 16 de dezembro, mas enfrenta resistência do governo federal.
Autorização da Anvisa
Queiroga diz que ministério espera documentos da Anvisa sobre imunização de crianças; agência rebate
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou na última quinta-feira (16) a aplicação da vacina da Pfizer contra Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.
Desde então, o ministro Queiroga afirmou diversas vezes que a autorização da agência não é suficiente para iniciar a vacinação.
Nesta segunda (20), o ministro Marcelo Queiroga disse que a “pressa é inimiga da perfeição” e que o ministério só vai ter uma posição sobre o tema em 5 de janeiro. Queiroga também falou que só tinha recebido “um documento de três páginas” da agência e ainda esperava documentos com dossiê completo.
A agência rebateu as declarações do ministro, disse que não recebeu pedido formal de pareceres, mas que o envio de dossiê de análise de medicamentos para o Ministério da Saúde “não é requisito legal, ou mesmo praxe”.
Entidades médicas e especialistas têm criticado a lentidão do governo.
Como vai funcionar a vacinação infantil
Frascos da vacina da Pfizer em versão pediátrica (laranja) e a partir dos 12 anos (roxa) — Foto: Tobias Schwarz/AFP
A vacina para este público tem diferenças em relação à que foi aplicada nos adultos. Por isso, o governo federal terá que comprar uma versão específica do produto com dosagens e frascos diferentes (foto acima), apesar de o princípio ativo ser o mesmo.
A mesma autorização de uso já foi concedida pelo FDA e pela EMA (agências regulatórias de saúde dos Estados Unidos e União Europeia).
Em outubro, a Pfizer disse que a vacina é segura e mais de 90,7% eficaz na prevenção de infecções em crianças de 5 a 11 anos. O estudo acompanhou 2.268 crianças de 5 a 11 anos que receberam duas doses da vacina ou placebo, com três semanas de intervalo.
A Anvisa alerta que a autorização é baseada nos dados disponíveis até o momento e os resultados são avaliados a todo momento. Veja as orientações da agência:
- A dose para as crianças entre 5 e 11 anos de idade é 1/3 da formulação já aprovada no Brasil.
- A dosagem é de 10 microgramas.
- A formulação pediátrica é diferente daquela aprovada anteriormente apresentada para o público com mais de 12 anos – portanto, não pode ser utilizada a formulação de adultos diluída.
- A criança que completar 12 anos entre a primeira e a segunda dose deve manter a dose pediátrica.
- Não há estudos sobre a coadministração com outras vacinas. Segundo a Anvisa, até que saiam mais estudos, é indicado um intervalo de 15 dias entre a vacina da Covid-19 e outros imunizantes do calendário infantil.
Diferenças entre as vacinas de adultos e crianças — Foto: Reprodução/Anvisa
O infectologista Renato Kfouri, representante da Sociedade Brasileira de Imunizações e que participou da avaliação da Pfizer junto à agência, lembrou que a Covid matou mais crianças do que coqueluche, diarreia, sarampo, gripe e meningite somadas.
Vacinação de crianças pelo mundo
Ao contrário do Brasil, diversos países já começaram a vacinar crianças contra a Covid-19. São ao menos 16 nações, segundo levantamento do g1:
- Argentina: crianças de 3 a 11 anos são vacinadas com o imunizante da Sinopharm, que não está disponível no Brasil (ele é feito de vírus inativado, como a CoronaVac).
- Áustria: crianças de 5 a 11 anos desde 25 de novembro, quando a União Europeia aprovou o uso da vacina da Pfizer para esta faixa etária.
- Canadá: aprovou a imunização de crianças de 5 a 11 anos com a vacina da Pfizer em novembro e começou a aplicar a vacina no final do mesmo mês.
- China: aprovou o uso da CoronaVac para crianças a partir de 3 anos em 8 de junho.
- Chile: começou a vacinar crianças entre 6 e 12 anos com a CoronaVac em 14 de setembro.
- Cuba: já vacina crianças a partir dos 2 anos – menor faixa etária do mundo – com a vacina Soberana 02, produzida no país.
- Estados Unidos: vacinam crianças de 5 a 11 anos desde 3 de novembro.
- Israel: crianças de 5 a 11 anos desde 23 de novembro.
- Alemanha, Dinamarca, Espanha, Grécia, Hungria, Itália e outros países europeus: imunizam crianças de 5 a 11 anos desde 15 de dezembro.
- Portugal: iniciou a vacinação de crianças de 5 a 11 anos no sábado (18).
- França: iniciou a vacinação de crianças de 5 a 11 anos nesta quarta (22).
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