2ª fase da Operação Ptolomeu foi deflagrada nesta quarta-feira (22). De acordo com a Polícia Federal, foram identificados indícios de que alguns servidores públicos estariam destruindo provas para dificultar investigações. Assessoria do governo do Acre informou que vai se posicionar por meio de nota.
Chefe de gabinete do governo do Acre tem prisão preventiva decretada — Foto: Reprodução
A chefe de gabinete do governo do Acre, Rosângela Gama, foi presa preventivamente, na manhã desta quarta-feira (22), na 2ª fase da Operação Ptolomeu, da Polícia Federal, que investiga supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro por membros ligados ao governo do Acre.
O G1 aguarda posicionamento do governo do Acre.
Nesta 2ª fase, a Polícia Federal disse que foi detectado que servidores públicos, entre as quais Rosângela, estariam obstruindo a investigação, na tentativa de destruir provas essenciais para a continuidade das apurações, após a deflagração da 1ª fase.
Após isso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decretou a prisão preventiva da chefe de gabinete do governador do estado, e a imediata instauração de novo inquérito policial para apurar o crime de obstrução de investigação de organização criminosa.
Por ordem ainda do STJ, policiais federais cumprem, ainda na manhã desta quarta, cinco mandados de busca e apreensão em Rio Branco, em endereços relacionados aos envolvidos.
Cinco mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em Rio Branco, em endereços relacionados aos envolvidos — Foto: Divulgação/Polícia Federal
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1ª fase
Na 1ª fase, foram cumpridos 41 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão na Operação Ptolomeu, que investiga supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou a operação, determinou o afastamento das funções públicas dos envolvidos.
A PF apreendeu mais de R$ 3,4 milhões entre dinheiro e bens de investigados
- Seis veículos, estimados em R$ 1,7 milhão;
- R$ 600 mil em espécie, entre dólares, euros e reais;
- 33 relógios e 10 joias de alto valor, totalizando mais de R$ 1 milhão, aproximadamente;
- R$139 mil reais em celulares apreendidos.
Operação Ptolomeu: PF apreende mais de R$ 3,4 milhões entre dinheiro e bens de investigados no AC — Foto: Divulgação/Polícia Federal-AC
O apartamento do governador do estado, Gladson Cameli (PP) foi um dos locais onde as buscas foram realizadas. Além disso, os policiais estiveram no escritório do governador; Palácio Rio Branco e Casa Civil. Em nota, o governo do estado disse que está contribuindo com as investigações (leia íntegra da nota no final da reportagem) e, nas redes sociais, o governador informou que continua cumprindo agenda e suas obrigações institucionais.
Além do governador, servidores públicos do Acre e familiares do gestor em Manaus (AM) foram alvos da operação.
Saiba quem são os alvos de operação da PF contra cúpula do governo do Acre — Foto: Reprodução
Saiba quem são:
Mandados cumpridos no Acre:
- Secretário de Estado da Indústria, Ciência e Tecnologia: Anderson Abreu de Lima, que também é tio do governador;
- A chefe de gabinete do governador: Rosangela Gama;
- O assessor do escritório do governo do Acre em Brasília, Sebastião da Rocha ;
- O chefe de segurança do governado, Amarildo Camargo, que após uma minirreforma no governo feita por Cameli em julho deste ano, passou a ter status de secretário da Casa Militar, antigo gabinete militar.
O mandado de prisão foi cumprido contra o empresário Rodinei Soares de Souza, conhecido como Rodinei Estrela, que é empreiteiro. Ele é morador de Cruzeiro do Sul, chegou a ser levado para sede da PF em Rio Branco e está no presídio da capital.
Ao g1, o Alessandro Callil, que atua na defesa de Estrela, disse, na última quinta (16), que iria se manifestar por meio de nota. A reportagem tenta contato com ele nesta quarta.
Mandados cumpridos no Amazonas:
- Eladio Messias Cameli, pai do governador;
- Gledson de Lima Cameli, irmão do governador;
- Construtora Rio Negro
- Construtora Etam
- Marmud Cameli & Cia Ltda
Operação Ptolomeu
Segundo a investigação da PF do Acre, o grupo, formado por empresários e por agentes públicos ligados à gestão estadual, aparelhou a estrutura do governo para cometer crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, desviando recursos públicos e ocultando a destinação dos valores.
A PF não especificou quais são as suspeitas que recaem sobre o governador, nem especificou quais são os crimes imputados a cada um dos investigados.
Operação da PF investiga esquema de lavagem de dinheiro na cúpula do governo no Acre
A CGU apurou que as empresas envolvidas têm diversos contratos com o governo acreano. Parte deles envolve convênios federais e repasses relacionados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Não foram especificados quais contratos são considerados suspeitos.
Durante a investigação, foram identificadas diversas transações financeiras suspeitas em contas correntes, pagamentos de boletos de cartão de crédito, transações de imóveis de alto valor e aquisições de veículos de luxo por valores mais baixos do que os de mercado. Também foi verificado que o grupo frequentemente movimentava grande quantidade de dinheiro em espécie, inclusive com uso do aparato de segurança pública do estado.
Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o bloqueio de cerca de R$ 7 milhões nas contas dos investigados, além do sequestro de carros de luxo comprados com os recursos desviados do governo. Também foi determinado pelo STJ que os investigados sejam proibidos de acessar órgãos públicos e de fazer contato entre si.
Polícia Federal cumpriu mandado de busca no Palácio Rio Branco — Foto: Divulgação PF
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