Com resultado, setor elimina perdas de setembro e outubro, e agora está 4,5% acima do patamar pré-pandemia. Recuperação, porém, é desigual: 3 das 5 grandes atividades ainda não recuperaram nível de fevereiro de 2020.
Após dois meses seguidos de queda, o volume de serviços prestados no Brasil cresceu 2,4% em novembro, na comparação com outubro, se recuperando da perda acumulada de 2,2%, mostram os dados divulgados nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Com o resultado de novembro, o setor ficou 4,5% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, mas está 7,3% abaixo do recorde alcançado em novembro de 2014”, destacou o IBGE.
No comparação com novembro de 2020, o volume de serviços avançou 10%, a nona taxa positiva consecutiva.
Volume de serviços mês a mês — Foto: economia g1
O resultado ficou bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,2% frente a outubro e de 6,5% na comparação com outubro de 2020.
Alta de 9,5% em 12 meses
No acumulado em 2021 até novembro, o volume de serviços avançou 10,9% frente a igual período do ano anterior. Em 12 meses, registra alta de 9,5%, contra 8,2% em outubro, alcançando a maior taxa da série histórica, iniciada em dezembro de 2012, salto que é explicado principalmente pelo tombo do setor em 2020.
“Esta recuperação do mês de novembro coloca o setor no maior patamar dos últimos seis anos, igualando-se ao nível de dezembro de 2015″, afirmou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Já o índice de média móvel trimestral ficou estagnado (variação zero) no trimestre encerrado em novembro.
Volume de serviços acumulado em 12 meses — Foto: Economia g1
Veja o resultado dos subgrupos de cada grande atividade
- Serviços prestados às famílias: 2,8%
- Serviços de alojamento e alimentação: 2,8%
- Outros serviços prestados às famílias: 0,4%
- Serviços de informação e comunicação: 5,4%
- Serviços de tecnologia da informação e comunicação (TIC): 5,6%
- Telecomunicações: 1,4%
- Serviços de tecnologia da informação: 10,7%
- Serviços audiovisuais: 1,4%
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: -0,3%
- Serviços técnico-profissionais: -1,9%
- Serviços administrativos e complementares: 1,1%
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: 1,8%
- Transporte terrestre: 0,7%
- Transporte aquaviário: 1,6%
- Transporte aéreo: 7,6%
- Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: 1,6%
- Outros serviços: 2,9%
Alta impulsionada pelos serviços de tecnologia
O avanço de 2,4% em novembro foi acompanhado por quatro das cinco atividades pesquisadas, com destaque para serviços de informação e comunicação (5,4%), com destaque para o segmento de tecnologia da informação, que saltou 10,7% e se encontra 47,4% acima do patamar pré-pandemia.
Nessa atividade, sobressai principalmente os segmentos de portais, provedores de conteúdo e ferramentas de busca da internet; desenvolvimento e licenciamento de softwares e consultoria em tecnologia da informação.
“Depois do período mais agudo da pandemia, a partir de junho de 2020, o setor mostrou uma rápida recuperação, acelerando o ritmo de crescimento das receitas. Essas informações positivas são em boa parte explicadas pelo dinamismo das empresas do setor de TI, que fornecem serviços para outras empresas”, destacou Lobo.
A única taxa negativa do mês ficou com o setor de serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,3%), a quarta queda consecutiva, acumulando perda de 3,7%.
3 das 5 grandes atividades ainda não recuperaram patamar pré-pandemia
Os serviços de caráter mais presencial continuam os mais afetados pela pandemia, ao passo que os associados à tecnologia e logística viram sua receitas crescerem, se aproveitando da maior demandadas empresas por digitalização e impulsionado também pelo “boom” do comércio eletrônico.
Dos 17 grupos e subgrupos monitorados pelo IBGE, 9 ainda se encontram abaixo do patamar pré-pandemia. E das 5 grandes atividades, 3 ainda não se recuperaram das perdas. Veja gráfico abaixo:
Distância (em %) do patamar pré-pandemia por atividade de serviços — Foto: economia g1
Os serviços prestados às famílias – os mais afetados pela pandemia – avançaram pelo oitavo mês seguido, acumulando um crescimento de 60,4%, mas ainda insuficiente para voltar ao patamar pré-pandemia. “
O segmento está operando num nível 11,8% abaixo de fevereiro de 2020”, explicou o pesquisador, destacando que o setor segue afetado pelas mudanças dos hábitos de consumo, pelo trabalho híbrido e também pela queda da renda das famílias.
Já a recuperação mais lenta é a do setor de transporte aéreo, que ainda se encontra 16,5% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.
Serviços crescem em 18 das 27 unidades da federação
Regionalmente, 18 das 27 unidades da federação registraram expansão no volume de serviços em novembro. O impacto mais importante veio de São Paulo (4%), seguido por Rio de Janeiro (1,6%), Santa Catarina (3,7%) e Paraná (2,1%). Entre as baixas, Mato Grosso do Sul (-4%) registrou a principal retração em termos regionais.
Atividades turísticas têm 7ª alta seguida
O índice de atividades turísticas cresceu 4,2% frente a outubro, a sétima alta consecutiva. Contudo, o segmento de turismo ainda se encontra 16,2% abaixo do patamar de fevereiro do ano passado.
Regionalmente, 8 dos 12 locais pesquisados tiveram expansão em novembro, com destaque para São Paulo (8,0%), seguido por Rio de Janeiro (2,8%), Paraná (6,3%) e Minas Gerais (2,3%). Já Pernambuco (-1,1%) e Bahia (-0,4%) assinalaram os resultados negativos de maior impacto no índice.
Expectativas
O setor de serviços é o que possui o maior peso na economia brasileira e tem sido o mais atingido pela pandemia. Mesmo assim, foi o principal destaque de recuperação em 2021, impulsionado pelo avanço da vacinação e fim de boa parte das medidas de restrição para conter a disseminação da Covid-19.
No 3º trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) de serviços cresceu 1,1%, enquanto que a economia brasileira como um todo teve retração de 0,1%, o que colocou o país em recessão técnica.
A perda de fôlego da economia ocorre em um contexto de disparada da inflação, alta dos juros, queda de renda das famílias, aumento do endividamento, desemprego ainda elevado e preocupações com a situação das contas públicas.
A confiança empresarial cai em dezembro pelo segundo mês seguido, para o menor nível desde maio, segundo índice da FGV.
Na semana passada, o IBGE mostrou que a produção industrial teve a sexta retração mensal consecutiva em novembro e retrocedeu para patamar 4,3% abaixo do nível pré-pandemia.
Vale destacar que o setor de serviços voltou a ser impactado neste começo do ano pelo avanço da variante ômicron do coronavírus, sobretudo o segmento de turismo e lazer, após cancelamento de voos e novas restrições de público e de funcionamento impostas pelas autoridades.
O mercado projeta um avanço ao redor de 4,50% para o PIB em 2021. Já a previsão de crescimento para 2022 está em apenas 0,28%, e parte dos analistas fala em estagnação e até mesmo em retração.
Para a inflação, a expectativa é de uma taxa de 5,03% em 2022, o que pode representar um estouro do teto da meta pelo segundo ano seguido, após o IPCA registrar salto de 10,06% em 2021. Já a projeção para a taxa básica de juros da economia ao final de 2022 está em 11,75% ao ano.
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