A fidelidade demonstrada ao governo nos últimos meses de 2021 será a baliza que vai conduzir o corte de cerca de R$ 9 bilhões que o governo precisa fazer no Orçamento 2022.
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tomou as rédeas do processo dos cortes que precisam ser feitos para adequar o Orçamento 2022 aprovado pelo Congresso. E já decidiu enxugar prioritariamente daqueles aliados que não apoiaram o governo.
Fontes do governo ouvidas pelo blog afirmam que Nogueira retornou das férias e já pediu aos assessores uma lista da fidelidade dos parlamentares do Congresso e liberações de verbas que eles receberiam de ministérios.
Um decreto do presidente Jair Bolsonaro, publicado na semana passada, ampliou os poderes de Ciro Nogueira na liberação de verbas, reduzindo o espectro do ministro da Economia, Paulo Guedes. Isto significa que, em ano eleitoral, o Orçamento será talhado para negociar apoios à reeleição de Bolsonaro e aliados do Planalto.
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, ao lado do presidente Jair Bolsonaro — Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo
O quebra-cabeças do Orçamento tem gerado desgastes. Segundo fontes, a ministra da Secretaria de Governo, Flavia Arruda, responsável pela interlocução do Palacio do Planalto com o Congresso, tirou férias para se afastar das decisões orçamentárias.
Flavia Arruda foi alvo de ataques de líderes partidários no Congresso, inclusive do Centrão, que pediram a demissão dela por não ter cumprido acordos alinhavados nas negociações de aprovação de projetos.
O Congresso aprovou uma lei orçamentária subestimada e, por isso, será necessário sancionar com uma recomposição de cerca de R$ 9 bilhões.
Ciro Nogueira também quer evitar que outros ministros, que conduzem ministérios com muitos recursos, fechem acordos sem que eles passem pelo crivo da Casa Civil e do teste de fidelidade.
Governo e Congresso negociaram ao longo do segundo semestre de 2021 a aprovação da PEC dos precatórios, que abriu mais de R$ 100 bilhões em gastos no Orçamento. A promessa era ter recursos para programas sociais, mas na prática o debate gira hoje em torno de emendas parlamentares, recursos para reajuste e readequação de carreiras que apoiam o presidente da República e fundo eleitoral, que pode voltar aos R$ 5,7 bilhões aprovados inicialmente pelo Congresso.
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