Lara Maria precisou parar de estudar quando descobriu que tem doença de Crohn, em 2015. Depois que conseguiu retornar, a estudante coloca em prática o sonho de se especializar para ajudar outros pacientes.
A jovem goiana Lara Maria Lemes, de 22 anos, diagnosticada em 2015 com doença de Crohn, conta que realizou o seu maior sonho, ser aprovada no curso de medicina, em Mineiros, no sudoeste de Goiás. A estudante fala que nos últimos anos se dividiu entre o tratamento contra a doença e os estudos focados na aprovação tão sonhada.
“Meu sonho é me especializar em gastroenterologia para entender mais e ajudar as pessoas como eu. Além de ser uma paciente, eu seria uma pessoa que poderia falar com mais propriedade do assunto”, diz Lara.
Natural de Iporá, na região oeste de Goiás, Lara revela que morou durante toda a vida em Piranhas, também no oeste goiano, mas descobriu a doença após mudar para Goiânia para fazer o segundo ano do ensino médio. Com fortes dores e um tratamento delicado, ela precisou voltar para sua cidade, parar os estudos e para ter o suporte da família.
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Lara Maria Lemes, de 22 anos, diagnosticada com doença de Crohn foi aprovada em medicina em Mineiros, Goiás — Foto: Arquivo Pessoal/Lara Maria Lemes
Lara explica que voltou a estudar em 2016 e teve o apoio do Núcleo de Atendimento Educacional Hospitalar (NAEH), programa das Secretarias de Estado da Educação (Seduc) e Saúde (SES). A jovem conta que uma professora ia até a casa dela para dar aulas e aplicar provas quando ela não conseguia ir à escola.
“Foi essencial, foi um período que eu passei muito mal, era impossível ir todos os dias à escola. A professora conseguia me passar perfeitamente o conteúdo. Foram 2 anos, durante o segundo e o terceiro ano do ensino médio”, pontua a jovem.
Lara conta que no final de 2017 voltou à Goiânia para fazer cursinho e alcançar o sonho da aprovação em medicina. Com muito estudo, ela diz que foi aprovada em outras duas faculdades fora de Goiás, mas o objetivo principal sempre foi Goiás, por isso se dedicou até a conquista.
Já matriculada, Lara se diz ansiosa para o início das aulas, previsto para a próxima segunda-feira (24). Depois de anos turbulentos, a estudante se prepara e agradece o apoio dos pais.
“O tempo inteiro me apoiaram, não botavam pressão, deram tudo que eles poderiam dar de apoio e seguraram as pontas”, comemora.
Lara Maria Lemos, aprovada em medicina, e seus pais Rosilez Lemos de Sousa e Valdivino Portilho, em Goiás — Foto: Arquivo Pessoal/Lara Maria Lemos
Doença
De acordo com informações institucionais da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD), o problema se trata de uma doença inflamatória no trato gastrointestinal. A ABDC aponta ainda que os medicamentos controlam os sintomas, mas não curam a doença.
Segundo o presidente da Sociedade Goiana de Gastroenterologia, Romulo Gustavo Pereira, a doença é causada por predisposição genética e fatores ambientais.
Lara diz que, mesmo com a doença “mais controlada”, tem episódios de muitas dores abdominais, náuseas, vômitos constantes e diarreia.
“A doença entra em remissão, nesse momento ela está menos ativa, mas eu tenho que cuidar. Preciso me alimentar bem, tomar os remédios e aplicar remédios na veia uma vez por mês”, conta a jovem.
A jovem explica que, por isso, precisa de suporte constante dos pais. “Morar sozinha não é viável para mim. Ainda tenho casos de passar mal do nada. Eu aprendi a conviver, minha doença é assim”, explica Lara.
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