Líder atual fugiu do país e deve apresentar renúncia nesta quarta-feira. Milhares de pessoas cercam residência do atual primeiro-ministro, nomeado presidente interino.
Manifestantes na entrada da residência oficial do primeiro-ministro, nomeado presidente interino após fuga do chefe de Estado atual do país, em 13 de julho de 2022. — Foto: Adnan Abidi/ Reuters
O Sri Lanka declarou estado de emergência nesta quarta-feira (13), após o presidente, Gotabaya Rajapaksa, fugir do país em um avião militar.
Indignados com a fuga, manifestantes voltaram em peso às ruas, cercaram a casa do primeiro-ministro, nomeado presidente interino, e invadiram uma transmissão ao vivo da TV estatal do país, que vive uma das piores crises econômicas e políticas de sua história.
Manifestantes voltaram em peso às ruas de Colombo, no Sri Lanka, após presidente fugir do país, em 13 de julho de 2022. — Foto: Adnan Abidi/ Reuters
Os manifestantes acusam o presidente de má gestão econômica que levou o país à beira do caos. Em abril, o governo do Sri Lanka, que tem um dos melhores Índices de Desenvolvimento Humanos do sul da Ásia, declarou moratória da sua dívida de US$ 51 bilhões (cerca de R$ 277 bilhões) em abril.
Desde o mês passado, manifestantes tomaram as ruas da capital financeira, Colombo, queimaram prédios públicos e, no fim de semana, invadiram o palácio presidencial.
O primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, foi designado como presidente interino após a fuga de Rajapaksa, anunciou o presidente do Parlamento, pouco depois do anúncio do estado de emergência no país.
Manifestantes invadem piscina da residência oficial da presidência no Sri Lanka.
Rajapaksa deve entregar carta de renúncia ainda nesta quarta-feira. Pouco depois de sua fuga, o gabinete do primeiro-ministro do Sri Lanka declarou estado de emergência e instaurou um toque de recolher na capital Colombo.
“Por causa de sua ausência no país, o presidente Rajapaksa me disse que nomeou o primeiro-ministro para exercer a função de presidente, de acordo com a Constituição”, anunciou Mahinda Yapa Abeywardana em um breve discurso exibido na televisão.
Manifestantes atearam fogo em casa que pertencia a ministro do Sri Lanka em Arachchikattuwa, em 9 de maio de 2022 — Foto: Reuters
O presidente Gotabaya Rajapaksa fugiu nesta quarta-feira em um avião militar para as Ilhas Maldivas, arquipélago próximo do Sri Lanka no oceano Índico, após a grande pressão provocada pela crise econômica mais grave na história do país.
Logo depois, indignados, manifestantes invadiram na sede do principal canal de televisão público do Sri Lanka, o Rupavahini, e apareceram por alguns minutos no ar. Um homem entrou no estúdio durante uma transmissão ao vivo e pediu que só fossem exibidas notícias relacionadas com os protestos. A transmissão foi interrompida e substituída por um programa gravado.
A Constituição prevê, em caso renúncia do presidente, que o primeiro-ministro assuma o cargo de maneira interina até a eleição, pelo Parlamento, de um deputado para exercer a função de chefe de Estado até o fim do mandato em curso, novembro de 2024.
Crise
O presidente eleito do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, acena para seus eleitores neste domingo (17) — Foto: Stringer/Reuters
Rajapaksa é acusado de péssima gestão da economia, o que levou o país a um cenário de caos e uma crise profunda por falta de divisas e tornou impossível financiar as importações de produtos essenciais para a população de 22 milhões de habitantes.
O Sri Lanka está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para receber um empréstimo.
Além disso, o país quase esgotou suas reservas de combustível e o governo ordenou o fechamento das administrações não essenciais e das escolas para reduzir os deslocamentos.
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