Ex-presidente fez a afirmação a plateia de empresários na Fiesp. Proposta não consta do programa de governo, e candidato não deu detalhes do que pretende fazer.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala durante encontro com empresários na Fiesp, em SP. — Foto: Bruno Rocha/Enquadrar/Estadão Conteúdo
Candidato do PT à eleição presidencial, Lula defendeu que seja feita uma reforma administrativa em seu governo, caso seja eleito. A declaração ocorreu em evento com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo, nesta terça-feira (9).
“Eu acho que nós vamos ter que fazer uma reforma administrativa, sim. Eu acho que é preciso, você tem pouca gente ganhando muito e tem muita gente ganhando muito pouco. É preciso tentar fazer um equilíbrio e aí vamos ter que pensar direitinho, e aqui já tem experiência de mundo, já temos 13 anos de governo, tem muito governo de estado, muita gente preparada nessa coisa administrativa para a a gente sentar e dar uma repensada no Brasil. É preciso fazer”, afirmou Lula.
A proposta não consta no plano de governo do PT, enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em trecho sobre servidores públicos, o documentos diz que reafirma “o nosso respeito e compromisso com as instituições federais, que foram desrespeitadas e sucateadas e com a retomada das políticas de valorização dos servidores públicos”.
Lula também não detalhou como seria feita a reforma. Na sequência, o petista afirmou que também é preciso de uma reforma tributária para “ter dinheiro para o SUS”. A ideia consta nas propostas enviadas ao TSE.
“E nós vamos arrumar essa tal propalada, defendida e sonhada reforma tributária que eu espero que a gente faça junto para que ela seja justa para todos. Mas alguém vai ter que pagar a conta e quem é mais rico vai ter que pagar a conta”, disse Lula.
Crítica a Bolsonaro
O petista também criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) por depreciar documento em defesa da democracia. Na segunda-feira (8), Bolsonaro esteve em evento com banqueiros da Febraban e declarou que “democrata não precisa assinar cartinha”, ao se referir a documento criado por ex-alunos da Universidade de São Paulo (USP), em defesa da democracia e do sistema eleitoral eletrônico.
“Como é que a gente pode viver num país em que o presidente conta sete mentiras todo dia? E com a maior desfaçatez. Que chama uma carta, que defende a democracia, de cartinha? Quem sabe a carta que ele gostaria de ter é uma carta feita por milicianos no Rio de Janeiro e não uma carta feita por empresários, intelectuais, sindicalistas defendendo um regime democrático”, afirmou Lula.
“Outra coisa, pessoal, quem quer ser democrata, não precisa assinar cartinha, não. Se tiver que assinar que sou honesto, todo mundo vai assinar que é honesto. Democracia tem que sentir o que a pessoa está fazendo. (…) Falar todo mundo fala. Fazer cartinha todo mundo faz”, disse o presidente.
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Evento na Fiesp
Lula participou de uma série de encontros promovidos pela Fiesp com presidenciáveis. O petista contou com a presença de seu candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do coordenador do plano de governo da chapa à Presidência, Aloizio Mercadante (PT).
Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) participaram, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) cancelou sua ida, programada para a quinta-feira (11).
Em sua fala, Mercadante disse que houve um erro no plano de governo quando tratou de “regular a agricultura”. O mesmo sobre a retirada da defesa da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Encla), que aparecia em versão anterior.
Alckmin falou na sequência e agradeceu a Fiesp por promover um ato em defesa da democracia. “As pessoas passam, as instituições ficam”, afirmou. Atual presidente da Federação, Josué Gomes é filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto em 2011.
Gomes substituiu Paulo Skaf, alinhado com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e defensor do impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016. Nesta eleição, Skaf tenta articular campanha ao Senado.
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