Em São Paulo, presidente eleito disse que foi um ’30 de outubro histórico’. Petista, eleito pela terceira vez, derrotou o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Eleito presidente pela terceira vez neste domingo (30), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que esta foi “uma das mais importantes eleições da nossa história”. O petista, que venceu o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), fez o discurso da vitória em São Paulo. Ele afirmou que o momento é de “restabelecer a paz entre os divergentes”. Lula, que venceu o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que vai governar para todos os brasileiros, e não só para os que votaram nele. Para o presidente eleito, “não existem dois Brasis”.
Veja, abaixo, os principais pontos do discurso:
Pacificação do país e democracia
O presidente eleito afirmou que a vitória não é sua nem do PT, mas do “povo brasileiro”, e que a democracia está “acima dos partidos políticos”.
“Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora.”
Ele citou que deseja paz para reconstruir o país.
“Só assim seremos capazes de construir um país de todos. Um Brasil igualitário, cuja prioridade sejam as pessoas que mais precisam. Um Brasil com paz, democracia e oportunidades.”
Em outro trecho, ele falou sobre união de famílias e amizades.
“Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio.”
Em outro momento, Lula disse que a eleição desde ano foi história.
“Neste 30 de outubro histórico, a maioria do povo brasileiro deixou bem claro que deseja mais – e não menos democracia.”
Combate à fome
Segundo o presidente eleito, acabar com a fome no país é “o compromisso mais urgente”.
“Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças neste país não tenham o que comer, ou que consumam menos calorias e proteínas do que o necessário.”
Em outro momento, ele disse que “para além de combater a extrema pobreza e a fome, vamos restabelecer o diálogo neste país”.
Cultura
Lula afirmou que o brasileiro quer livros, teatro, cinema e cultura.
“Quer livros em vez de armas. Quer ir ao teatro, ver cinema, ter acesso a todos os bens culturais, porque a cultura alimenta nossa alma.”
Economia
Ao falar sobre economia e dizer que a roda “vai voltar a girar”, Lula citou valorização dos salários e renegociação de dívidas.
“A roda da economia vai voltar a girar, com geração de empregos, valorização dos salários e renegociação das dívidas das famílias que perderam seu poder de compra. A roda da economia vai voltar a girar com os pobres fazendo parte do orçamento. Com apoio aos pequenos e médios produtores rurais, responsáveis por 70% dos alimentos que chegam às nossas mesas.
O presidente eleito também falou, em seu discurso, sobre micros e pequenos empreendedores. Neste sábado (29), véspera da eleição, Lula desmentiu um vídeo compartilhado por Bolsonaro com fake news afirmando que ele acabaria com MEI (MicroEmpreendedor Individual).
“Com todos os incentivos possíveis aos micros e pequenos empreendedores, para que eles possam colocar seu extraordinário potencial criativo a serviço do desenvolvimento do país.”
Religião
No início do discurso, Lula disse que o brasileiro quer “liberdade religiosa”. Ao fim do pronunciamento, ele pediu que “Deus abençoe nossa jornada”.
Mulheres
Ao falar sobre mulheres, Lula citou que é necessário combater à violência contra mulheres e garantir igualdade no trabalho.
“É preciso ir além. Fortalecer as políticas de combate à violência contra as mulheres, e garantir que elas ganhem o mesmo salários que os homens no exercício de igual função.”
Desarmamento
O presidente eleito fez ainda um aceno ao desarmamento da população. Disse que o brasileiro “quer livros em vez de armas”.
Durante o governo Bolsonaro, o número de pessoas com certificado de registro de armas de fogo cresceu 474%.
“É hora de baixar as armas, que jamais deveriam ter sido empunhadas. Armas matam. E nós escolhemos a vida.”
Bandeira do Brasil
Ao expressar o desejo de pacificar o país, Lula reforçou que pretende resgatar o sentimento patriótico, trazendo de volta “orgulho do verde-amarelo” e da bandeira do Brasil.
“É preciso reconstruir a própria alma deste país. Recuperar a generosidade, a solidariedade, o respeito às diferenças e o amor ao próximo.
Trazer de volta a alegria de sermos brasileiros, e o orgulho que sempre tivemos do verde-amarelo e da bandeira do nosso país. Esse verde-amarelo e essa bandeira que não pertencem a ninguém, a não ser ao povo brasileiro.”
Reestabelecer o diálogo
“Para além de combater a extrema pobreza e a fome, vamos restabelecer o diálogo neste país”, anunciou. O petista disse acreditar que os principais problemas do Brasil e do mundo são resolvidos “com diálogo, não com força bruta”.
Em seu discurso o presidente eleito disse que pretende retomar o diálogo com o Legislativo e o Judiciário, “sem tentativas de exorbitar, intervir, controlar, cooptar, mas buscando reconstruir a convivência harmoniosa e republicana entre os três poderes”.
Disse, ainda, que pretende trazer de volta as conferências nacionais, para retomar o diálogo entre o povo e o governo.
“Para que os interessados elejam suas prioridades, e apresentem ao governo sugestões de políticas públicas para cada área: educação, saúde, segurança, direitos da mulher, igualdade racial, juventude, habitação e tantas outras.”
Ressaltou que quer dialogar com os governadores e prefeitos, independentemente de partido.
“Nosso compromisso será sempre com melhoria de vida da população de cada estado, de cada município deste país.”
Política externa
“Hoje nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta”, declarou Lula. Durante a campanha por sua eleição, o petista e sua equipe destacaram a política exterior do Brasil e o reconhecimento internacional do ex-presidente.
“Nas minhas viagens internacionais, e nos contatos que tenho mantido com líderes de diversos países, o que mais escuto é que o mundo sente saudade do Brasil.
Saudade daquele Brasil soberano, que falava de igual para igual com os países mais ricos e poderosos. E que ao mesmo tempo contribuía para o desenvolvimento dos países mais pobres.
O Brasil que apoiou o desenvolvimento dos países africanos, por meio de cooperação, investimento e transferência de tecnologia.
Que trabalhou pela integração da América do Sul, da América Latina e do Caribe, que fortaleceu o Mercosul, e ajudou a criar o G-20, a UnaSul, a Celac e os BRICS.
Hoje nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta. Que o Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária do mundo.”
Meio ambiente
Lula reforçou o compromisso com a agenda do meio ambiente, priorizando a luta contra a destruição da Amazônia e o combate às atividades ilegais na região. Lembrou que, em seus governos anteriores, reduziu em 80% o desmatamento do bioma.
“O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva. Uma árvore em pé vale mais do que toneladas de madeira extraídas ilegalmente por aqueles que pensam apenas no lucro fácil, às custas da deterioração da vida na Terra.
Um rio de águas límpidas vale muito mais do que todo o ouro extraído às custas do mercúrio que mata a fauna e coloca em risco a vida humana.”
Negros e indígenas
Em um aceno para as minorias, Lula disse ainda que é preciso “enfrentar sem tréguas o racismo, o preconceito e a discriminação, para que brancos, negros e indígenas tenham os mesmos direitos e oportunidades.”
Também associou o combate ao desmatamento da Amazônia à proteção das comunidades dos povos originários.
“Quando uma criança indígena morre assassinada pela ganância dos predadores do meio ambiente, uma parte da humanidade morre junto com ela.
Por isso, vamos retomar o monitoramento e a vigilância da Amazônia, e combater toda e qualquer atividade ilegal – seja garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida.”
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