‘Nunca pensei um dia chegar a vocês para falar sobre a dor de perder Gal’, diz Maria Bethânia

Baiana, que mora no Rio de Janeiro, ainda afirmou que, mesmo longe, sempre manteve a admiração pela amiga. ‘ É triste demais, difícil demais’, disse.

A cantora Maria Bethânia falou no começo da tarde desta quarta-feira (9) sobre a morte de Gal Costa, aos 77 anos. O falecimento foi confirmado pela assessoria da artista. Bethânia lembrou a importância da intérprete para a história da música brasileira.

“Em choque, triste demais, difícil demais. Eu nunca pensei um dia chegar a vocês para falar sobre a dor de perder Gal. O Brasil que ela sempre encantou com sua voz única, magistral, hoje, inteiro, chora. Como eu”, afirmou Maria Bethânia.

Maria Bethânia, que mora no Rio de Janeiro, ainda afirmou que, mesmo longe, sempre manteve a admiração por Gal.

Morre Gal Costa aos 77 anos

Morre Gal Costa aos 77 anos

“Uma amiga que, mesmo longe, sempre mantive a admiração e respeito. Que Deus a receba na sua mais pura luz. É triste demais, difícil demais. Muito duro”, completou Bethânia.

Gal costa  — Foto: Arquivo pessoal

Gal costa — Foto: Arquivo pessoal

 

A Estação Primeira de Mangueira também prestou homenagem a Gal Costa. Ela foi enredo da escola em 1994, junto com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia.

“Uma perda irreparável pra Cultura Brasileira. Gal Costa, uma das cantoras mais importantes da música popular nos deixou. Sua voz preenchia os espaços e tocava no fundo da alma com seu timbre único. Usou sua arte para lutar e defender ideais progressistas. Esteve de mão dada ao povo e se tornou um ídolo do país”, afirmou a escola de samba.

A Prefeitura do Rio de Janeiro também se manifestou nas redes sociais sobre a morte de Gal Costa.

 

“O Brasil perde uma das maiores vozes da música popular brasileira. Gal Costa, as dunas de Ipanema seguem sendo suas”, afirmou a mensagem, que se solidarizou com Salvador pela perda.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, também lamentou.

“Que tristeza. Que perda. Justo agora quando o Brasil volta a sorrir! Vá em paz! A gente fica com sua poesia e seus ensinamentos! ‘Toda vez que o amor disser ‘vem comigo’. Vai sem medo de se arrepender. Você deve acreditar no que é lindo. Pode ir fundo! Isso é que é viver!”, disse Paes.

O governador Cláudio Castro se solidarizou com os fãs da cantora.

“Uma legião de fãs fica órfã hoje com a perda de uma das mais belas vozes da MPB. Gal Costa marcou a história da música, uma estrela que deixa uma importante contribuição para a arte e que será sempre lembrada. Meus sentimentos à família e aos amigos”, disse Castro.

Gal Costa  — Foto: Arquivo pessoal

Gal Costa — Foto: Arquivo pessoal

 

Vida e carreira

Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em 26 de setembro de 1945 em Salvador e foi a voz de clássicos da MPB como “Baby”, “Meu nome é Gal”, “Chuva de Prata”, “Meu bem, meu mal”, “Pérola Negra” e “Barato total”.

Foram 57 anos de carreira, iniciada em 1965, quando a cantora apresentou músicas inéditas de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Ela ainda era Maria da Graça quando lançou “Eu vim da Bahia”, samba de Gil sobre a origem da cantora e do compositor.

Três anos depois, veio outro clássico: “Baby”, de Caetano Veloso. A canção foi feita para Maria Bethânia, mas Gal a lançou em disco e a projetou no álbum-manifesto da Tropicália. “Divino maravilhoso” (de Gil e Caetano) foi outra da fase tropicalista.

Ao longo dos anos 60 e 70, ela seguiu misturando estilos. Dedicou-se ao suingue de Jorge Ben Jor com “Que pena (Ela já não gosta mais de mim)” e foi pelo rock com “Cinema Olympia”, mais uma de Caetano. “Meu nome é Gal”, de Roberto e Erasmo Carlos, serviu como carta de apresentação unindo Jovem Guarda e Tropicália.

A cantora Gal Costa, durante participação especial para o disco de Gilberto Gil 'Expresso 2222', gravado no estúdio da Rádio Eldorado em São Paulo em junho de 1972 — Foto: Solano José de Freitas/Estadão Conteúdo/Arquivo

A cantora Gal Costa, durante participação especial para o disco de Gilberto Gil ‘Expresso 2222’, gravado no estúdio da Rádio Eldorado em São Paulo em junho de 1972 — Foto: Solano José de Freitas/Estadão Conteúdo/Arquivo

 

Ao gravar “Pérola negra”, em 1971, ajudou a revelar o então jovem compositor Luiz Melodia (1951-2017). No mesmo ano, lançou “Vapor barato”, mostrando a força dos versos de Jards Macalé e Waly Salomão.

Ela seguiu gravando várias músicas de Gil e Caetano, mas foi incluindo no repertório versos de outros compositores como Cazuza (“Brasil”, 1998); Michael Sullivan e Paulo Massadas (“Um dia de domingo”, de 1985); e Marília Mendonça (“Cuidando de longe”, 2018).

Na longa carreira, Gal lançou mais de 40 álbuns entre discos de estúdio e ao vivo. “Fa-tal”, “Índia” e “Profana” foram três dos principais.

Ela estava em turnê com o show “As várias pontas de uma estrela”, no qual revisitava grandes sucessos dos anos 80 do cancioneiro popular da MPB. “Açaí”, “Nada mais”, “Sorte” e “Lua de mel” eram algumas das músicas do repertório.

Bem recebido pelo público e pela crítica, esse show fez com que a agenda de Gal ficasse agitada após a pandemia. A estreia aconteceu em São Paulo, em outubro do ano passado

Gal Costa após entrevista em São Paulo em agosto de 2005 — Foto: Eduardo Nicolau/Estadão Conteúdo/Arquivo

Gal Costa após entrevista em São Paulo em agosto de 2005 — Foto: Eduardo Nicolau/Estadão Conteúdo/Arquivo

 

Além de rodar o Brasil, Gal entrou na programação de vários festivais e ainda tinha uma turnê na Europa prevista para novembro.

Ela deixa o filho Gabriel, de 17 anos, que inspirou o último álbum de inéditas. “A pele do futuro”, de 2018, foi o 40º disco da carreira. “Está vindo a geração que salvará o planeta”, disse ela ao g1, quando lançou o álbum.

O último álbum lançado foi “Nenhuma Dor”, em 2021, quando Gal regravou músicas como “Meu Bem, Meu Mal”, “Juventude Transviada” e “Coração Vagabundo”, com cantores como Seu Jorge, Tim Bernardes e Criolo.

 

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