Dólar em disparada: por que a cotação da moeda está subindo?

Mercado reage à previsão de até R$ 175 bilhões fora do teto de gastos, que aumenta incertezas sobre futuro das contas públicas.

Dólar — Foto: Freepik

Dólar — Foto: Freepik

 

O dólar opera em forte alta nesta quinta-feira (10), voltando a passar dos R$ 5,30, no maior patamar em duas semanas.

O movimento vai na contramão da semana passada quando, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência, a moeda norte-americana caiu 4,5%, e chegou a se aproximar da barreira dos R$ 5.

Mas, então, o que está acontecendo?

Segundo Vanei Nagem, sócio-diretor da Pronto! Investimentos, a alta do dólar frente ao real é resultado da especulação no mercado doméstico, diante das sinalizações de que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição deve prever um furo de até R$ 175 bilhões do teto de gastos.

A proposta foi a solução encontrada pelo governo eleito para tentar garantir a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 em 2023, uma das promessas feitas por Luiza Inácio Lula da Silva (PT) durante a campanha eleitoral. O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, deve conduzir a elaboração do texto ao longo dos próximos dias.

Mas, segundo analistas, ainda há muitas dúvidas sobre a PEC.

“Há especulações sobre o novo governo e sobre os impactos que esses R$ 175 bilhões devem trazer”, afirma Nagem.

“Além disso, a forma como isso está sendo executado também não agrada muito o mercado. Há questionamentos sobre a parte legal e dúvidas sobre de onde esses recursos devem vir. Isso coloca pressão e aumenta a especulação”, completa o executivo.

Além disso, outro ponto que também fica no radar do mercado nesta quinta-feira são os dados de inflação divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Segundo o órgão, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a inflação oficial do Brasil) interrompeu uma sequência de três deflações consecutivas e registrou um avanço de 0,59% em outubro.

A alta dos preços, segundo analistas, também aumenta os temores de um descontrole fiscal.

“A alta de outubro serve de alerta de que inflação ainda não está totalmente controlada e, para a política monetária ter efeito mais eficiente, é importante ser seguida de um fiscal também mais contido”, afirmou a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitoria, em publicação no Twitter.
 
 

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