Presidente eleito deu declaração ao discursar para políticos aliados em Brasília. Alckmin coordena equipe de transição de governo.
O presidente eleito Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira (10) que o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) não será ministro do futuro governo.
Lula deu a declaração ao se reunir com políticos aliados no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, onde funciona a transição de governo. Entre os presentes ao encontro também estavam o próprio Alckmin e a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann.
Ex-governador de São Paulo, Alckmin coordena a equipe de transição e dividiu os trabalhos em grupos, que discutem, por exemplo, saúde, desenvolvimento social e economia.
“Eu fiz questão de colocar o Alckmin como coordenador para que ninguém pensasse que o coordenador vai ser ministro. Ele não disputa vaga de ministro porque é o vice-presidente”, declarou Lula nesta quinta.
Durante o discurso, Lula chorou ao dizer que mantém o compromisso com o combate à fome no país (veja no vídeo abaixo).
Lula chora ao falar da fome no Brasil
Ainda no discurso, Lula afirmou que os “perdedores” da disputa eleitoral vão ter o direito de “escrever” a história do país e participar do processo de transição de governo.
“A gente costuma dizer que quem conta a história de uma nação são os vencedores, os perdedores não têm o direito de escrever. Nesse caso, eu queria dizer pra vocês: os perdedores vão ter o direito de escrever e vão ter o direito de participar desse processo de transição e desta governança”, afirmou o presidente eleito.
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Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva discursa em encontro com aliados em Brasília — Foto: Reprodução
Economia
Ainda durante o discurso desta quinta-feira, Lula questionou o fato de o Brasil ter meta de inflação, mas não ter meta de crescimento.
Lula tem dito em seus discursos que o Brasil precisa enxergar despesas em áreas como saúde e educação como investimento e não como gasto para, assim, poder investir recursos e fazer a economia do país crescer.
Disse também que o presidente da República precisa ter credibilidade, se comportando de tal maneira que, quando disser algo, a sociedade entenda que é algo sério.
“E somente o Estado é que pode tomar as decisões que podem garantir estabilidade política, estabilidade econômica, estabilidade jurídica e estabilidade social”, afirmou.
Presidente pode errar, mas não pode mentir
Lula também aproveitou o discurso para dizer que o presidente da República pode errar, mas não pode mentir para a população.
“Um presidente da República pode errar, mas ele não pode mentir. Não é aceitável que um presidente minta para o seu povo”, declarou.
Lula tem criticado Jair Bolsonaro, afirmando que o adversário na disputa eleitoral é “mentiroso”.
“Ele ainda não reconheceu a derrota. Seria tão fácil fazer, como fez o Alckmin quando disputou comigo, seria tão fácil, como fez o Serra quando disputou comigo, seria tão fácil fazer, como eu fiz com o Fernando Henrique Cardoso quando perdi as eleições. […] Ele ainda não teve coragem de fazer isso”, declarou Lula.
Lula faz primeira visita ao local da sede de transição de governo
Visita de Lula ao CCBB
Entre os integrantes da equipe de transição estão a senadora Simone Tebet, os economistas Persio Arida e André Lara Resende, e os ex-ministros Alexandre Padilha, Humberto Costa, Aloizio Mercadante e Nelson Barbosa.
Lula se reúne com os presidentes da Câmara, do Senado, do STF e do TSE
Agenda em Brasília
Lula chegou a Brasília na noite da última terça (8). Nesta quarta (9), o petista se reuniu com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Weber; e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes (veja detalhes no vídeo acima).
O colunista do g1 Valdo Cruz informou que Lula faz em Brasília uma agenda em busca da estabilidade institucional, movimento que tem sido chamado internamente de “reconstrução nacional”, em razão das polêmicas em que Bolsonaro se envolveu com os demais poderes nos últimos anos.
Nesta quarta, em entrevista coletiva após os encontros com as autoridades, Lula disse ser “plenamente possível” recuperar a “normalidade” nas relações entre as instituições.
Nesta quinta, Lula acrescentou que as visitas serviram para dizer às instituições que haverá paz.
“Ontem, vim aqui para visitar as instituições brasileiras e dizer o seguinte: ‘A partir de agora, vocês vão ter paz. Vocês não vão ter um presidente desaforado, querendo intervir na Suprema Corte, querendo intervir na Justiça Eleitoral, querendo intervir no Congresso Nacional’. Ou seja, não é possível os ministros da Suprema Corte não poderem ir a um restaurante, no cinema, sair de casa”, afirmou Lula.
Lula cumprimenta o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral — Foto: Ricardo Stuckert
Elogios a Alexandre de Moraes
Lula também dedicou uma parte do discurso desta quinta para elogiar o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Para Lula, Moraes teve uma postura “exemplar” nas eleições e se tornou “orgulho de todo o Brasil”. O presidente Jair Bolsonaro fez, ao longo dos últimos anos, uma série de críticas a Moraes e chegou a xingar o ministro.
“O presidente do Tribunal Superior Eleitoral teve uma coragem estupenda, um homem que teve um comportamento exemplar, que é orgulho de todo o Brasil. E não me importa se o Alexandre de Moraes é conservador, não importa se ele é progressista, não importa se é de direita, de centro, o que importa é ele que foi de muita coragem e muita dignidade na lisura e no compromisso de dirigir as eleições,” disse Lula.
Em seguida, Lula disse que “este país vai voltar à civilidade”.
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