Ex-governador está preso no Batalhão Especial Prisional e foi atendido em uma unidade de saúde da cadeia, segundo o filho Marco Antônio Cabral e fontes da Polícia Militar.
O ex-governador Sérgio Cabral passou mal e desmaiou na cadeia ao saber que o filho José Eduardo Neves Cabral é um dos procurados da Operação Smoke Free, deflagrada nesta quarta-feira (23) pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF), contra “uma organização criminosa armada e transnacional especializada em comércio ilegal de cigarros”.
O ex-governador está preso no Batalhão Especial Prisional (BEP) e estava sendo atendido, por volta das 11h, na enfermaria da unidade de saúde da cadeia, segundo o filho Marco Antônio Cabral e fontes da Polícia Militar. De acordo com a PM, o estado de saúde de Sérgio Cabral é estável.
Até a última atualização desta reportagem, 13 pessoas haviam sido presas na operação, e José Eduardo não tinha sido encontrado.
Entre os alvos também estão PMs, bombeiros, um policial federal e Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, procurado desde a Operação Fumus, de junho do ano passado, também contra o comércio irregular de cigarros.
O g1 apurou que Adilsinho viajou para os Estados Unidos há 10 dias e já é considerado foragido.
Cerca de 40 equipes foram para endereços na capital e na Baixada Fluminense, a fim de cumprir 27 mandados de prisão.
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Sérgio Cabral é levado de volta para Unidade Prisional da PM em Niterói — Foto: Gleison Baptista/TV Globo
R$ 2 bi de prejuízo
A PF afirma que o grupo criminoso investigado é responsável por causar prejuízos à União de cerca de R$ 2 bilhões.
A força-tarefa conta com o apoio da US Homeland Security Investigations, a Agência de Investigações de Segurança Interna dos Estados Unidos.
A 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro expediu também 50 mandados de busca e apreensão e determinou bloqueio, sequestro e apreensão de bens no valor de R$ 300 milhões. Dentre os bens, estão imóveis, veículos de luxo, criptomoedas, dinheiro em espécie e depósitos em contas bancárias.
Três anos de operações ilegais
De acordo com a investigação, iniciada em 2020, desde 2019 “o grupo criminoso reiteradamente, com falsificação ou não emissão de notas fiscais, depositava, transportava e comercializava cigarros oriundos de crime em territórios dominados por outras organizações criminosas, como facções e milícias”.
“Em consequência, efetuava a lavagem dos recursos obtidos ilicitamente e remetia altas cifras ao exterior de forma irregular”, afirma a PF.
Ainda segundo os investigadores, a quadrilha contava com “uma célula de serviço paralelo de segurança”, coordenada por um policial federal e integrada por policiais militares e bombeiros.
“O grupo econômico que suporta a organização criminosa investigada é devedor contumaz da União e possui débito tributário de aproximadamente R$ 2 bilhões, segundo informado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional”, destaca a PF.
Os investigados podem responder pela prática de crimes de sonegação fiscal, duplicata simulada, receptação qualificada, corrupção ativa e passiva, lavagem de capital e evasão de divisas.
Se condenados, podem pegar 66 anos de reclusão.
Carros da Polícia Federal deixam a Superintendência, na Praça Mauá — Foto: Reprodução/PF
Relembre a Operação Fumus
Em junho de 2021, a PF, o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ) e a Receita Federal deflagraram a Operação Fumus, contra uma quadrilha que impôs, com violência, um monopólio na venda de cigarros no RJ.
Adilsinho e o irmão, Cláudio Nunes Coutinho, eram procurados — Cláudio foi preso somente um ano depois, em julho passado.
Os irmãos são apontados pelo MPRJ como os chefes da quadrilha. Os promotores dizem que eles obrigavam pequenos comerciantes de várias partes do RJ a comprar cigarros da organização criminosa. Quem não obedecia era roubado.
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