Congresso avisa a equipe de Lula que derrubada de orçamento secreto pelo STF pode implodir PEC da Transição

Equipe do petista espera que Corte restrinja mecanismo, usado por Bolsonaro para conquistar apoio parlamentar. Centrão estuda reação e argumenta que só ministério não faz base. Setores do PT viram recado como chantagem.

A presidente do STF, Rosa Weber, recebe Lula na sede do tribunal, após a eleição do petista.  — Foto: Nelson Jr./SCO/STF

A presidente do STF, Rosa Weber, recebe Lula na sede do tribunal, após a eleição do petista. — Foto: Nelson Jr./SCO/STF

A cúpula do Congresso avisou a equipe de Lula (PT) que uma eventual proibição do orçamento secreto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) implode a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição – medida apresenta pelo petista para cumprir a promessa de manter o Bolsa Família em R$ 600 em 2023.

O orçamento secreto é o nome dado ao conjunto de verbas do governo federal enviadas por parlamentares para seus redutos eleitorais por meio de um tipo de emenda que é menos transparente que as demais.

Nesta quarta-feira (7), o STF analisa um conjunto de ações que podem vir a restringir o uso do mecanismo, que foi usado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) para conquistar apoio no Congresso.

O que é orçamento secreto?

O que é orçamento secreto?

Na véspera, líderes da Câmara se reuniram com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) e disseram que Lula prometeu, durante a campanha, não interferir nos assuntos do Parlamento.

Mas, o grupo quer que a equipe de transição interfira no – ou, nas palavras deles, atue junto ao – STF para garantir que qualquer ajuste no orçamento secreto – criticado pelo petista durante a campanha – seja feito pelo Congresso, e não pelos magistrados.

Segundo um integrante desse grupo, se STF proibir totalmente o uso do orçamento secreto, a PEC da Transição – que está na pauta do plenário do Senado desta quarta (7) – “nem anda” no Congresso, e o governo Lula vai começar “ingovernável.”

Os parlamentares fizeram essa mensagem chegar à equipe de transição. Argumentaram, também, que tirar algo que estão acostumados a usar para fazer política sem colocar algo no lugar vai “causar trauma”, e que a distribuição de ministérios não é mais suficiente para montar base no Congresso.

Lula conta com derrubada para esvaziar Centrão e não ter Lira como premiê

Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira, durante encontro em Brasília em 9 de novembro. — Foto: Ricardo Stuckert

Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira, durante encontro em Brasília em 9 de novembro. — Foto: Ricardo Stuckert

Para setores do PT, o recado dos parlamentares foi visto como chantagem.

A expectativa de Lula é que o STF derrube o orçamento secreto, diminuindo assim o poder do Centrão – grupo político que hoje dá sustentação ao governo Bolsonaro – e, especificamente, de Arthur Lira (PP-AL), líder do grupo e presidente da Câmara dos Deputados.

Lula não quer briga com Lira, longe disso. Com o blog mostrou, o presidente eleito já entabulou uma relação de proximidade com o parlamentar – tanto é que o PT declarou apoio à reeleição do parlamentar à presidência da Câmara dos Deputados.

Mas o petista quer evitar ter Lira com tamanho controle sobre o orçamento da União – a partir do manejo das emendas parlamentares via orçamento secreto – como uma espécie de primeiro-ministro que ele não escolheu.

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