Presidente eleito concluiu anúncios nesta quinta; em 2011, Dilma chegou a ter 10 ministras ao mesmo tempo. País teve 38 ministras desde a redemocratização; agora, lista chegará a 48.
Ao concluir o anúncio dos ministros que tomarão posse no próximo domingo (1º), o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se posicionou para bater um recorde: o maior número de mulheres em ministérios da história do país.
Serão 11 ministras, já no primeiro dia de governo:
- Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento;
- Marina Silva, ministra do Meio Ambiente;
- Ana Moser, ministra do Esporte;
- Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas;
- Daniela do Waguinho, ministra do Turismo;
- Margareth Menezes, ministra da Cultura;
- Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial;
- Nísia Trindade, ministra da Saúde;
- Cida Gonçalves, ministra das Mulheres;
- Esther Dweck, ministra da Gestão;
- Luciana Santos, ministra de Ciência e Tecnologia.
Dessas, apenas Marina Silva já tinha comandado um ministério – a mesma pasta, de Meio Ambiente, de 2003 a 2008.
“Eu estou feliz porque, nunca antes na história do Brasil, teve tantas mulheres ministras. Nunca antes. E estou feliz porque nunca antes na história do Brasil, tivemos uma indígena ministra dos Povos Indígenas”, disse Lula ao completar os anúncios de ministros nesta quinta.
Lula anuncia Sônia Guajajara para Ministério dos Povos Indígenas
Até agora, a marca pertencia ao primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT, 2011-2014). A gestão Dilma começou com nove ministras e, seis meses depois, chegou a ter dez mulheres simultaneamente nos cargos (veja detalhes abaixo).
Lula também empossou dez ministras – mas entre 2003 e 2010, ao longo de dois mandatos.
O presidente eleito também anunciou nesta quinta que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal serão presididos por mulheres. Os nomes das presidentes não foram anunciados.
Desde a redemocratização, em 1985, 38 mulheres foram nomeadas ministras de Estado ou secretárias com status de ministras.
Confira, abaixo, as mulheres que já chefiaram ministérios (ou secretarias e órgãos com status ministerial) desde a redemocratização. Os dados compõem os arquivos da Biblioteca da Presidência da República e não levam em conta ministras interinas.
Governo Sarney (1985-1990): cinco anos, uma ministra
O governo teve 34 ministérios e órgãos vinculados à Presidência. Ao longo de cinco anos, 79 titulares passaram pelos cargos (alguns, por mais de uma pasta).
Desses, apenas uma era mulher. A economista Dorothea Werneck foi ministra do Trabalho por pouco mais de um ano, entre janeiro de 1989 e o fim do governo, em março de 1990.
Governo Collor (1991-1992): dois anos, duas ministras
O governo de Fernando Collor de Mello durou menos de dois anos, interrompido por um impeachment no fim de 1992. Teve uma Esplanada enxuta, com 17 ministérios e três secretarias de status ministerial. Ao todo, 23 pessoas se revezaram nos cargos titulares.
Em dois anos, duas mulheres foram ministras. A economista Zélia Cardoso de Melo foi ministra de Economia, Fazenda e Planejamento, e a assistente social Margarida Coimbra comandou o Ministério da Ação Social.
Governo Itamar Franco (1992-1994): dois anos, duas ministras
Vice de Collor e presidente após o impeachment, Itamar Franco manteve uma estrutura ministerial parecida com a de seu antecessor.
Entre ministérios, secretarias e órgãos ligados à presidência, havia 23 postos com status de ministro para serem ocupados. A alta rotatividade, no entanto, fez com que 59 pessoas passassem pelos cargos em dois anos.
Desses nomes, apenas dois foram de mulheres. Yeda Crusius foi ministra do Planejamento entre janeiro e maio de 1993, e Margarida Coimbra do Nascimento, ministra dos Transportes entre dezembro de 1993 e março de 1994. Elas não foram ministras ao mesmo tempo.
Governo FHC (1994-2002): oito anos, duas ministras
No primeiro mandato, entre 1994 e 1998, FHC teve 58 ministros em 31 ministérios, secretarias e órgãos ligados à Presidência. Apenas Dorothea Werneck, que já tinha sido ministra de Sarney, ocupou um desses cargos: foi ministra de Desenvolvimento, Indústria e Turismo.
No segundo mandato, os números foram parecidos. Eram 28 órgãos, pelos quais passaram 63 titulares. Novamente, apenas uma mulher: a socióloga Mary Dayse Kinzo foi ministra da Integração Nacional por meros três dois meses, de abril a junho de 2002.
Governo Lula (2003-2010): oito anos, dez ministras
O primeiro governo Lula começou, em janeiro de 2003, com cinco ministras:
- Marina Silva (Meio Ambiente);
- Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social);
- Dilma Rousseff (Minas e Energia);
- Matilde Ribeiro (Secretaria de Igualdade Racial);
- Emília Fernandes (Secretaria de Políticas para Mulheres).
Marina, Benedita e Matilde ficaram no cargo por quatro anos, enquanto Dilma deixou a pasta de Minas e Energia para assumir a Casa Civil. Emília foi substituída em 2004 por Nilcea Freire, a sexta mulher a ocupar ministérios durante o primeiro mandato de Lula.
Entre 2007 e 2010, após ser reeleito, a lista variou pouco. Matilde Ribeiro, Nilcea Freire, Marina Silva e Dilma Rousseff mantiveram seus postos durante parte do segundo governo Lula.
Somaram-se à lista Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Marta Suplicy (Turismo), Erenice Guerra (Casa Civil) e Márcia Lopes (Desenvolvimento Social e Combate à Fome).
Ao todo, foram 71 ministros no primeiro mandato para 37 pastas, secretarias e órgãos com status ministerial. No segundo mandato, foram 73 ministros (incluindo os que foram mantidos do mandato anterior) em 37 postos federais.
Governo Dilma (2011-2016): seis anos, 14 ministras
Primeira mulher a comandar o Brasil, Dilma Rousseff assumiu a Presidência da República em 2011 já batendo um recorde. A composição inicial da Esplanada dos Ministérios de Dilma trazia nove mulheres:
- Ana de Holanda (Cultura);
- Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome);
- Izabella Teixeira (Meio Ambiente);
- Ideli Salvatti (Pesca e Aquicultura);
- Miriam Belchior (Planejamento, Orçamento e Gestão);
- Helena Chagas (Comunicação Social);
- Maria do Rosário (Direitos Humanos);
- Luiza Bairros (Igualdade Racial);
- Iriny Lopes (Políticas para Mulheres).
Ainda ao longo do primeiro mandato, somaram-se à lista Marta Suplicy (Cultura), Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulheres) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Quando Gleisi assumiu o cargo, em junho de 2011, o primeiro governo Dilma chegou a ter dez ministras simultaneamente.
O segundo governo Dilma teve uma Esplanada dos Ministérios menos diversa – resultado direto das dificuldades para compor uma base de apoio para o governo, e do espaço maior cedido a partidos de centro.
Nos quase dois anos que antecederam o impeachment, o governo manteve por algum tempo as ministras Tereza Campello, Nilma Gomes, Ideli Salvatti e Eleonora Menicucci. De novidade, apenas Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e Inês Magalhães (Cidades, por dois meses).
Governo Temer (2016-2018): dois anos, três ministras
Empossado no cargo após o impeachment de Dilma Rousseff, Michel Temer tinha apenas duas ministras entre seus 31 ministros e secretários iniciais: Fátima Pelaes (Políticas para Mulheres) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).
Em dois anos, foram 59 ministros e secretários. Apenas uma outra mulher foi nomeada: Grace Mendonça, que assumiu a Advocacia-Geral da União (AGU) entre 2016 e 2018.
Governo Bolsonaro (2019-2022): quatro anos, quatro ministras
Com uma Esplanada dos Ministérios mais enxuta em relação às gestões anteriores, o presidente Jair Bolsonaro enxugou também o número de ministras. Foram apenas quatro nos quatro anos de mandato.
Na foto da posse presidencial, havia duas: Damares Alves (Direitos Humanos) e Tereza Cristina (Agricultura). Ambas permaneceram nos cargos até março de 2022, quando saíram para disputar as eleições.
Damares foi substituída por outra mulher, Cristiane Brito. Além delas, apenas a ministra-chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, compõe a lista.
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