Presidente do Comitê de Ortopedia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia alerta que o item deve ser usado da maneira correta para evitar prejuízos à saúde.
Mochila, escola, estudantes, volta as aulas no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
O início do ano escolar sempre traz preocupações sobre materiais escolares, mas uma coisa que recebe pouca atenção é a mochila escolar.
Francisco Carlos Salles Nogueira, presidente do Comitê de Ortopedia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), defende que a mochila é mais que um adereço e precisa ser escolhida com cuidado.
Uma mochila inadequada, mal regulada ou acima do peso ideal pode causar:
- Dores nas costas, ombros, quadril e joelhos;
- Má postura;
- Desvios na coluna, como escoliose;
- Aumento da cifose (deixando a pessoa corcunda).
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Em 2017, a prefeitura de Jequié, na Bahia, entregou mochilas “gigantes” para alunos da creche municipal. — Foto: Reprodução/Facebook
Mas o especialista alerta que ter o modelo correto não basta para evitar os danos na coluna. É preciso regular e utilizar da maneira correta.
Para isso, as duas alças devem ser usadas nos ombros, sempre bem ajustadas, e o peso carregado não deve ultrapassar 10% do peso da criança, como orienta a SBOT. Na prática, o ideal é que uma criança que pesa 40 quilos carregue uma mochila de no máximo 4 quilos.
E saber distribuir este peso também pode fazer a diferença. “O ideal é que a mochila tenha algumas divisões, para que o material mais pesado, como livros e cadernos, fique mais próximo das costas”, explica.
Jeito correto de ajustar e utilizar a mochila escolar. — Foto: Arte: g1
Uma alternativa à mochila tradicional é aquela com rodinhas, que não coloca muito esforço na coluna, ideal para crianças menores. No entanto, o modelo também demanda atenção.
“Não dá para exagerar no peso, claro, e outro cuidado fundamental é a altura do puxador, que não pode nem estar muito alto para não forçar os braços e os ombros, nem muito baixo para precisar curvar a coluna”, explica o Dr. Salles Nogueira.
Alivie o peso da mochila
Nadia Pelletti é mãe de Enrico, de 8 anos, e Davi, de 13, e ficava preocupada quando o mais velho precisava levar e trazer materiais pesados da escola todos os dias.
Como professora de ioga, ela sabe da importância de cuidar da coluna e da postura, então ficou aliviada quando a escola em que os meninos estudam disponibilizou armários para os alunos.
“Isso facilita muito, porque ao invés de ficar transportando na ida e na volta, o material fica na escola para ser utilizado na medida que as aulas acontecem, e ele só traz para casa o que vai ser usado nas atividades de casa”, conta.
Davi Pelletti, de 13 anos, é filho da professora de ioga Nadia Pelletti. — Foto: Cortesia de Nadia Pelletti
Mas, apesar da facilidade que os armários trouxeram e de sempre aconselhar Davi a usar a mochila da forma certa, ela diz que nem sempre é ouvida.
“Eu digo para tirar da mochila o que ele não precisa mais. Às vezes, ele esquece de tirar um livro que já não vai mais usar. E nem sempre usa as duas alças nos ombros, mesmo que eu fique no pé. É um adolescente, né?”, diz, rindo.
O Dr. Salles Nogueira vê nos armários escolares uma ótima saída para evitar a exposição das crianças a pesos desnecessários.
Mas, para quem não tem essa alternativa, o recomendado é levar na mochila somente o que vai ser essencial para as aulas. E, se ultrapassar o peso indicado, leve o mais pesado nos braços.
“Não é o ideal, mas se for algo esporádico, pelo menos não vai forçar tanto a coluna”, diz o ortopedista.
Prevenção é o principal
Apesar de parecer detalhes pequenos, o especialista alerta que isso pode fazer a diferença na qualidade de vida e até na saúde dos alunos.
“Além disso, uma boa mochila é um investimento, já que não há a necessidade de trocá-la anualmente e se estiver bem conservada, pode acompanhar a criança por alguns anos”, lembra.
“A prevenção é o fator principal. Esse cuidado simples na infância pode representar uma juventude e uma vida adulta melhor, já que não vai ser um fator de prejuízo futuramente”, finaliza.
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