DJ de Itarantim (BA) fez remix funk em 2020, que viralizou um ano depois no TikTok. Ele diz que recebeu mensagens ‘desesperadas’ em janeiro de produtores da Rihanna sobre ‘Rude boy’.
DJ brasileiro Klean, de 20 anos, que fez remix tocado por Rihanna no Super Bowl — Foto: Divulgação / Oahky Gravadora / Mark J. Rebilas/USA TODAY Sports
“No começo de 2023, recebi um e-mail de uma pessoa que dizia ser da equipe da Rihanna, que queria falar de um assunto sério. Eles pareciam desesperados. Eu me assustei, achei que fosse alguma brincadeira. Sou novo, não tenho experiência com esses assuntos.”
Ewerthon Carvalho Santos, o DJ Klean, teve a prova de que a mensagem surreal era séria na noite deste domingo (12), quando Rihanna tocou seu remix funk de “Rude boy” no intervalo do Super Bowl.
O DJ de 20 anos é de Itarantim, cidade de 20 mil habitantes no sudoeste baiano. Ele toca desde os 15 anos. A história com Rihanna começou há mais de dois anos, ele conta:
- “Tudo começou em outubro de 2020, com uma simples brincadeira com minha música favorita da Rihanna, que é “Rude boy”. Fiz um remix bem curtinho e postei no meu Instagram. Ele repercutiu as pessoas pediram para que eu terminasse.”
- “Acabei correndo para finalizar o remix e lançar uma versão completa no YouTube e no Soundcloud, de maneira independente, nada oficial.”
- “Foi passando o tempo e, um ano depois, o remix viralizou no TikTok. Vários DJs e dançarinos começaram a postar.”
O viral de 2021 explica, portanto, a chegada do remix aos ouvidos da equipe da cantora. Com as mensagens “desesperadas” na caixa de entrada dele em janeiro de 2023, o baiano novato procurou ajuda de um amigo experiente: Zegon, DJ do duo brasileiro Tropkillaz.
“Em 2020, eu participei da batalha de beats do Tropkillaz (concurso de novos DJs que o duo promove), que me deu bastante visibilidade. A galera começou a olhar mais para mim. E também tive contato com eles, que são meus amigos até hoje”, conta Klean.
“O Klean chamou muito a minha atenção porque ele tem estilo, ele assina. O estilo vale muito mais do que a técnica”, explica Zegon.
“Fomos mantendo contato, ele mandando coisas, eu dando conselho e o envolvendo em trampos. Quando a gente estava em Los Angeles, gravando nosso próximo disco, o Klean me chamou dizendo que tinha um monte de gente da equipe da Rihanna atrás dele, me pedindo para falar com eles.”
“Primeiro eles chegaram falando que era um remix pirata, uma quebra de copyright. Eu falei: ‘Vamos mudar essa conversa. Não é quebra de copyright, vocês estão falando de um remix f*da que vocês gostaram. Então vamos mudar a forma de aproximação e mostrar amor pelo garoto'”, diz Zegon sobre a negociação.
Ewerthon, o DJ Klean, em 2018, quando estava começando a tocar — Foto: Arquivo pessoal
No fim das contas, o remix que tocou no Superbowl, para dezenas de milhões de espectadores, tem a assinatura oficial do DJ Klean. “A gente fez tudo certinho, autorizou o remix. Se sair, vai sair com crédito, tudo do jeito que tem que ser”, diz Zegon.
O amigo mais experiente ainda nota uma coincidência: em 2014, os Tropkillaz também foram revelados no Super Bowl, quando o remix deles de “Hide”, do N.A.S.A., tocou em um dos intervalos.
“Foi a mudança da nossa vida. Ver isso acontecer com o Klean e poder ajudá-lo não tem preço. O moleque merece, e a gente vai ouvir falar muito dele“.
O DJ baiano também comemora e ri sozinho ao lembrar do e-mail que virou parceria com Rihanna: “Fico muito feliz com o que está acontecendo.”
Rihanna durante show no Super Bowl — Foto: Brian Snyder/Reuters
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