Rep Festival: evento cancelado por chuva no Rio teve cobra perto do público, sapo e muita lama

Alguns shows foram cancelados no sábado (11). E no domingo (12) todas as apresentações foram canceladas, devido às reclamações de quem foi assistir shows e se deparou com estrutura precária.

Um festival de rap em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, causou revolta em quem pagou caro pelos ingressos, que custavam até R$ 500. O lugar estava cheio de lama, pedras e o segundo dia de shows foi cancelado.

O tênis da enfermeira obstetra Carolina Vitt ainda tem lama de sábado (11). Ela conta que comprou dois ingressos para a pista premium do Rep Festival e pagou R$ 560 para ficar na lama.

Lodaçal na Cidade do Rep, em Guaratiba — Foto: Reprodução

Lodaçal na Cidade do Rep, em Guaratiba — Foto: Reprodução

“Lama, muita lama, sujeira, mau cheiro, muito cheiro daquela lama. Quando eu entrei, eu me deparei com vários caminhões trabalhando no meio. Parecia um canteiro de obras. Não estava nada pronto, os palcos não estavam prontos. Eu fiquei até 18h30 e viu algum show? Eu não vi nada. Estava cinco horas de atraso. Não tinha subido nenhum artista no palco principal”, disse a obstetra.    

Carolina veio da Vila Madalena, em São Paulo, para ir ao festival. A divulgação do evento começou em agosto do ano passado. Nas redes sociais, a organização prometeu dois dias de festival, com mais de 100 atrações em três palcos.

No dia 9 de agosto, o perfil do evento informou, em uma publicação, que o festival seria na Barra da Tijuca.  

“Eu comprei os ingressos em novembro. Até então, programado pra acontecer na Barra, na Cidade das Artes, por isso eu encontrei um hotel mais próximo e aí faltava 10 dias para o evento e mudou o local pra Guaratiba”, lembra Carolina.

Chuva, lama e bichos

A distância entre a Barra da Tijuca e Guaratiba é de cerca de 30 quilômetros. Quem conseguiu ir conta que levou um susto quando entrou no evento.

Imagens gravadas no local mostram que o chão estava cheio de lama. E ainda nem estava chovendo. Em algumas partes do espaço, foram colocadas pedras no chão.

Quando a chuva caiu, ficou ainda pior. O pé do estudante Luiz Fernando Ferreira ficou debaixo d’água.   

“Conforme o tempo ia passando, o ambiente ia ficando mais insalubre e o chão ia cedendo. Em certos momentos o pessoal estava assistindo com água no joelho”, contou.

Até cobra apareceu no meio do público. Um jovem chegou a pegar o animal e colocou no ombro. Imagens que rivalizaram na internet mostram que a cobra chamou a atenção do MC Cabelinho, que estava apresentando no palco.

“Pessoal está reclamando que tem uma cobra ali no meio deles”, chegou a dizer o artista.

Nas redes sociais, MC Maneirinho chegou a afirmar que o microfone estava dando choque. Durante o show, o rapper Borges também reclamou da organização.

“Pediram pra eu não falar, mas eu vou falar. Mó descaso o que tá acontecendo”, disse ao RJ1.

Shows cancelados

Alguns shows foram cancelados no sábado (11). E no domingo (12) todas as apresentações foram canceladas.

“Tinha muitos shows que eu queria ter visto e acabei não vendo por conta de cancelamento por parte do ambiente, da situação”, destaca o estudante Luiz Fernando.

“Perigoso pros artistas, perigo pra gente, total falta de respeito. Perigoso pros trabalhadores que estavam lá trabalhando nesse evento. O evento não tinha ambulância, não tinha preparo”, disse o eletricista Nathan Oliveira.

“Minhas filhas se programaram desde outubro pra poder assistir. a minha mais nova ansiosa, compraram ingresso. Muita gente, assim, numa lamaçal e as minhas filhas estão traumatizadas. Elas falaram: ‘Meu Deus do céu, eu nunca mais vou em nenhum evento desse porque é muito triste, muito triste mesmo. Várias pessoas passando mal, na lama'”, relata o contrarregra Renato Dutra.

Procon-RJ instaura processo sancionatório

O Procon-RJ informou que instaurou um processo sancionatório contra organizadores do Rep Festival, nesta segunda.

Os organizadores terão 15 dias para apresentar defesa. Segundo o órgão, a multa pode chegar a R$ 12 milhões e levará em conta, segundo o Procon, o faturamento, já solicitado.

“Entre os motivos que levaram a abertura do processo sancionatório contra os organizadores do evento estão o desrespeito a direitos básicos, a prestação de serviço que acarretou riscos à saúde e segurança dos consumidores, protegidos pela Constituição e pelo Código de Defesa do Consumidor, além do não cumprimento da oferta”, diz a nota do Procon-RJ.

O outro lado

O Rep Festival informou que as fortes chuvas danificaram a estrutura do evento e que, por isso, o segundo dia de festival foi cancelado. A direção do evento disse também que o cancelamento foi pensando na segurança e na mobilidade das pessoas e haverá ressarcimento para aqueles que compraram o ingresso para domingo.

O evento informou também que, apesar do atraso na programação no primeiro dia, a maior parte dos shows foi entregue com excelência dentro das condições apresentadas. Sobre a escolha do local, o Rep Festival disse que a mudança não foi por opção, mas sim por obrigação.

Sobre o relato de falta de acessibilidade, o festival afirmou que cada palco tinha uma área destinada a esse público, só que o acesso ficou inviável por causa das fortes chuvas. A produção negou a falta de ambulância.

A Prefeitura do Rio informou que a produção pediu para que o evento ocorresse no Parque Olímpico em maio do ano passado e em janeiro desse ano, mas as duas solicitações foram indeferidas.

Segundo a prefeitura, o Rep Festival conseguiu alvará para realizar o evento em Guaratiba porque cumpriu todas as exigências dos órgãos. O município esclareceu que não foi patrocinador do Rep Festival e que não determina o local onde o evento vai ocorrer.

O Corpo de Bombeiros disse que o evento foi vistoriado e autorizado em relação à segurança contra incêndio e pânico.

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