Primeira-dama participou de sessão em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Rosa Weber e Rodrigo Pacheco também discursaram a favor de mais espaço para mulheres na política.
A primeira-dama, Janja da Silva, afirmou nesta quarta-feira (8) que tem sido alvo de mentiras e ataques à honra e criticou a sub-representação feminina no Congresso.
Janja deu as declarações durante sessão do Senado em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
“Cada uma das mulheres aqui sabe as dificuldades do dia a dia da política. Tenho sido o principal alvo de mentiras, ataques à honra e ameaças nas redes sociais. Até mais que o presidente. Sei que muitas de vocês também passam por isso. A mesma terrível experiência de ver seu nome, seu corpo e sua vida expostos de maneira mentirosa”, disse a primeira-dama.
Sessão no Senado premiou mulheres que se destacaram na política — Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Janja, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e outras mulheres receberam o Diploma Bertha Lutz, um prêmio concedido pelo Senado a pessoas que tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher e a questões do gênero no país.
A jornalista da TV Globo Glória Maria, que morreu em fevereiro, recebeu homenagem póstuma. O diploma será enviado à família dela.
A primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, discursa após receber o diploma Bertha Lutz em homenagem ao Dia Internacional da Mulher das mãos do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)(que não aparece na foto), em solenidade realizada no plenário do Senado, no Congresso Nacional, em Brasília (DF), na manhã desta quarta- feira, 8 de março de 2023. Em seu discurso, Janja defendeu a ampliação do espaço das mulheres na política — Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, e a cientista política Ilona Szabó de Carvalho também receberam prêmios.
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Sub-representação no Congresso
Janja e Rosa Weber criticaram a pouco numerosa participação feminina no Congresso Nacional.
Embora sejam mais da metade da população brasileira, as mulheres representam menos de 20% do Legislativo federal no país (17,3% da Câmara dos Deputados e 18% do Senado).
“Um século depois de Bertha Lutz ter organizado a luta pelo direito ao voto, seguimos tendo que repetir que precisamos estar representadas nos espaços de decisão. […] Temos que comemorar o avanço da representatividade das mulheres no Congresso, mas ainda estamos abaixo da média mundial, que é de 26% dos assentos nos parlamentos”, declarou Janja.
“A igualdade continua a se fazer necessária, considerada a sub-representação feminina neste parlamento a partir da perspectiva masculina a respeito da mulher. Igualdade formal na lei, não igualdade substancial. Igualdade efetiva”, afirmou a presidente do STF, Rosa Weber, na sessão.
‘Bronca’ na sessão
Líder da bancada feminina no Senado, Eliziane Gama (Cidadania-MA) deu uma bronca nos presentes à sessão quando a colega Leila Barros (PDT-DF) discursava. Ela pediu silêncio no plenário para que Leila pudesse ser ouvida.
“Nós estamos comemorando a semana da mulher. Nós temos um grande problema hoje a enfrentar: as mulheres, elas são interrompidas sempre. Nós, às vezes, temos que falar fisicamente um pouco mais alto para a gente poder ser ouvida. A gente não pode permitir que isso ocorra hoje, no 8 de março. Temos uma mulher na tribuna do Senado”, afirmou.
“Eu queria pedir aos homens e às mulheres que fizessem silêncio para ouvirmos a senadora Leila Barros e que sentassem, me desculpem, mas é um desrespeito, inclusive, a nós mulheres”, completou Eliziane
‘Grandes obstáculos’ na política
Durante a sessão, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também criticou a sub-representação das mulheres na política, acrescentando que elas enfrentam “grandes obstáculos” que ainda persistem na sociedade.
No mês passado, Pacheco foi procurado por senadoras insatisfeitas com o fato de a Mesa Diretora do Senado ter sido definida sem a presença de nenhuma parlamentar entre os sete membros titulares.
A Mesa Diretora é eleita pelo plenário a partir das indicações dos partidos políticos, e os partidos indicaram somente homens.
“Apesar de muitos avanços, não podemos nos esquecer dos grandes obstáculos que persistem ao atingimento da igualdade de gênero em nossa sociedade, como a diminuição da ainda sub-representação quantitativa das mulheres na política”, afirmou Pacheco.
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