Alertas de desmatamento na Amazônia têm pior fevereiro da série histórica, aponta Inpe

Área de alertas detectada pelo Deter no mês foi de 322 km². Série começou em 2015. Especialistas dizem que índice foi resultado da alta cobertura de nuvens em janeiro e que a queda nos números pode demorar alguns meses.

Vista aérea de um garimpo ilegal no território Yanomami durante uma operação do Ibama contra o desmatamento da Amazônia. — Foto: ALAN CHAVES/AFP

Vista aérea de um garimpo ilegal no território Yanomami durante uma operação do Ibama contra o desmatamento da Amazônia. — Foto: ALAN CHAVES/AFP

O acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia Legal em todo o mês de fevereiro de 2023 foi de 322 km², segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Essa é a maior marca para fevereiro em toda a série histórica, iniciada em 2015. O número equivale aproximadamente ao tamanho da cidade de Fortaleza (CE) em área.

Áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia Legal em fevereiro (2015-23)
Índice considera ano civil
Em km²11511510110114614613813818618612312319919932232220162017201820192020202120222023050100150200250300350
Fonte: Deter/Inpe

A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro, e engloba a área total de 8 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Maranhão.

Os alertas foram feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²) – tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (por exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).

Para o WWF, a taxa recorde pode ser consequência da alta quantidade de nuvens que baixou significativamente os dados de janeiro. O mês registrou uma queda de 61% da taxa em relação ao mesmo período de 2022. Com isso, janeiro de 2023 teve a quarta menor marca para o mês na série histórica do Deter.

Como dezembro, janeiro, fevereiro e março são meses chuvosos na maioria dos estados que englobam o bioma, as taxas de desmatamento são tipicamente menores durante esses meses.

“Esses períodos de chuva são muito difíceis para aferirmos essa taxa e conseguir dizer se temos uma tendência de aumento ou de queda. Então a nossa recomendação para fazer qualquer inferência a respeito disso é esperar mais alguns meses para que possamos comparar períodos maiores de tempo“, diz Mariana Napolitano, que é gerente de Conservação do WWF-Brasil.

g1 questionou o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima sobre o aumento do número, mas ainda não obteve resposta.

‘Campeões’ de desmatamento

Segundo os dados do Inpe, o Mato Grosso foi o estado com maior área sob alerta de desmatamento: 162 km². Em seguida vieram Pará e Amazonas, com 46 km² cada, Rondônia, com 28 km², e Roraima, com 31 km².

Já o Acre e o Maranhão tiveram aproximadamente 4 km² sob alerta cada.

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Deter x Prodes

Os alertas de desmatamento foram feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).

O Deter não é o dado oficial de desmatamento, mas alerta sobre onde o problema está acontecendo. A medição oficial do desmatamento, feita pelo sistema Prodes, costuma superar os alertas sinalizados pelo Deter.

A taxa oficial de desmatamento em 2022 (com os dados de agosto do ano passado a julho deste ano) ainda não foi divulgada. Na temporada 2020-2021 – período que engloba agosto de 2020 a julho de 2021 –, foram 13 mil km² de área sob alerta de desmatamento, maior número desde 2006.

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