Liga dos EUA incorpora desejo do Inter Miami e discute flexibilização da regra orçamentária; Disputa pelo argentino é com PSG, Arábia Saudita e Barcelona
Para onde vai Lionel Messi? A resposta a essa pergunta é a mais esperada do futebol mundial nos próximos meses. Com proposta de renovação com o PSG, interesse do Barcelona, da Arábia Saudita e do futebol dos Estados Unidos, a decisão do craque argentino gera expectativa em diversos continentes. O Inter Miami e a própria liga norte-americana, a MLS, mantém otimismo e estão juntos no projeto para trazer o recém-eleito melhor do mundo pela sétima vez.
Lionel Messi vence o prêmio The Best da Fifa
Desde o ano passado os donos do Inter Miami, Jorge e José Mas, irmãos norte-americanos bilionários que fizeram fortuna no setor de construção e engenharia, conversam com Jorge Horácio Messi, pai e agente do craque argentino. Os donos clube formalizaram uma proposta para ter o jogador que tem contrato com o PSG até junho e ainda não respondeu à proposta de renovação.
Qual será o destino de Lionel Messi? — Foto: Reuters
Em dezembro, um dirigente do Inter Miami chegou a comentar em reunião da liga que as chances de contratar o argentino eram de ¨70%¨. A Argentina tinha acabado de eliminar a Austrália nas oitavas de final, com um dos gols da vitória por 2 a 1 marcado por Messi. Só que o melhor do camisa 10 na Copa ainda estava por vir. Messi marcou mais quatro gols nas três fases seguintes, sendo dois na final contra a França. Terminou como campeão, eleito melhor da Copa, e vice-artilheiro do Mundial com sete gols. Mais do que suficiente para mudar o status do jogador em qualquer mesa de negociação.
Mas a própria MLS abraçou a onda Messi. Na hora de elaborar a tabela de jogos da temporada 2023, que começou em fevereiro e vai até outubro, a MLS agendou as partidas do Miami fora de casa contra os adversários que possuem os maiores estádios, prevendo grandes públicos com a possibilidade de Messi em campo. Assim, o Inter vai enfrentar, por exemplo, o Atlanta United, em setembro, no Mercedes-Benz Stadium, com capacidade para 72 mil torcedores, e o Charlotte FC, na Carolina do Norte, em outubro, no Bank of America Stadium, onde cabem 75 mil pessoas, maior estádio da liga.
Lionel Messi beija a taça da Copa do Mundo após a conquista do tri da Argentina — Foto: Hannah Mckay/Reuters
Da “Beckham rule” para a “regra Messi”
Os irmãos Mas começaram a vislumbrar a possibilidade de ter o argentino após uma declaração do atleta repercutir nos Estados Unidos. Em dezembro de 2020, ao jornalista Jordi Évole do canal “La Sexta”, Messi confessou que ¨gostaria de desfrutar a experiência de viver nos Estados Unidos, de jogar nessa liga¨.
O limite orçamentário da MLS é um entrave ao negócio, mas a própria liga está disposta a abrir brechas. Cada franquia tem um limite de orçamento por ano. O teto salarial para a temporada 2023 é de 650 mil dólares anuais (R$ 3,3 milhões), mas todo clube tem direito a contratar três atletas acima desse teto, os chamados “jogadores designados” (“designated players”, no original).
Essa regra foi criada em 2007 para viabilizar a contratação de David Beckham pelo Los Angeles Galaxy. Além de um salário acima do teto, o contrato de Beckham incluiu uma cláusula que permitia o jogador comprar uma liga no futuro. Beckham exerceu esse direito em 2018, juntou-se a Jorge e José Mas e comprou o Inter Miami por 25 milhões de dólares.
Para trazer Beckham, em 2007, aos 31 anos, foi feito um acordo que incluía cláusula que permitia a opção de compra de uma franquia de expansão da liga, a MLS, por vinte e cinco milhões de dólares. Beckham se juntou aos irmãos Mas e adquiriu o Inter Miami em 2018.
Beckham nos tempos de Galaxy: regra foi inventada na MLS devido ao craque inglês — Foto: Getty Images
O maior salário da liga, do italiano Lorenzo Insigne, do Toronto FC, é de 13 milhões de dólares anuais (cerca de R$ 67 milhões), 30 milhões a menos do que Messi recebe no PSG. O Inter Miami dificilmente poderá concorrer com o dinheiro catari do PSG ou dos sauditas, mas espera convencer Messi com outros atrativos e conta com o apoio da MLS. O comissário da liga, Don Garber, declarou ao site The Athletic que será necessário um acordo criativo estilo David Beckham.
– É preciso pensar fora da caixa e encontrar o pacote que compense Messi e sua família – disse Garber.
Facilidades fiscais
A MLS é uma liga dos clubes e integrantes não enxergam a contratação de Messi por uma das equipes sob a ótica da concorrência, mas pelo viés do negócio. Caso Messi entre em acordo financeiro, a MLS já deu aval para o Inter Miami readequar o contrato de um dos três jogadores “designated player” do time. Atualmente, o mexicano Rodolfo Pizarro, o venezuelano Josef Martínez e o brasileiro Gregore recebem acima do teto salarial. O Inter avalia “rebaixar” o contrato do meia mineiro para liberar a vaga de Messi.
Na última quarta-feira, o PSG foi eliminado pelo Bayern de Munique nas oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa, a quatro meses do fim do contrato de Messi. O jogador já passou férias com a família em Miami. O tempo mais quente ao longo de todo o ano, ao contrário da maioria dos estados norte-americanos, e a ausência de imposto estadual na Flórida são vantagens comentadas nos bastidores. No passado, Messi enfrentou problemas fiscais na Europa e na Argentina.
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