No país asiático, petista participará de posse de Dilma Rousseff no banco do Brics e de reunião com o presidente Xi Jinping. Na volta ao Brasil, Lula fará uma parada nos Emirados Árabes.
Lula transmite cargo de presidente a Geraldo Alckmin antes de embarcar para a China, na Base Aérea de Brasília — Foto: Ricardo Stuckert/PR
Inicialmente, a visita do petista ao país asiático seria no fim de março, mas Lula foi diagnosticado com uma pneumonia e, por orientação médica, remarcou a viagem.
Na Ásia, Lula tratará principalmente da relação comercial com a China, maior parceiro de negócios do Brasil, mas também da guerra entre Rússia e Ucrânia e de questões de governança global.
Na China, o petista participará da cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como presidente do banco do Brics – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Lula também se reunirá com o presidente Xi Jinping, lideranças políticas e empresários. Na volta fará uma parada nos Emirados Árabes Unidos (veja detalhes da programação mais abaixo nesta reportagem).
A comitiva de Lula será composta pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e pelos ministros:
- Fernando Haddad (Fazenda)
- Marina Silva (Meio Ambiente)
- Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária)
- Luciana Santos (Ciência e Tecnologia)
- Mauro Vieira (Relações Exteriores)
- Alexandre Silveira (Minas e Energia)
- Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário)
- Wellington Dias (Desenvolvimento Social)
- Margareth Menezes (Cultura)
Montagem mostra o presidente Xi Jinping, da China, e Lula, do Brasil, que se encontrarão em Pequim na terça-feira (28) — Foto: Reuters
A delegação brasileira também será integrada pelos governadores da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT); do Ceará, Elmano de Freitas (PT); do Maranhão, Carlos Brandão (PSB); do Pará, Helder Barbalho (MDB); e do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).
Deputados também vão embarcar com o presidente. Ao todo, serão 40 autoridades (veja a lista).
Convidado para a visita pelo presidente chinês, Xi Jinping, Lula tem uma pauta bem definida: defender as relações já construídas com o maior parceiro comercial do Brasil e, eventualmente, ampliar a lista de produtos brasileiros para venda no gigante asiático.
Ao mesmo tempo, Lula busca a consolidação da estratégia da política externa do governo. Ao vencer as eleições, no discurso da vitória, Lula dedicou grande parte do tempo para falar das relações internacionais e que uma de suas prioridades seria “recolocar o Brasil no mundo”.
Lula pretende fazer um contraponto ao antecessor, Jair Bolsonaro (PL), que, na avaliação do petista, isolou o Brasil no cenário internacional.
Dos três maiores parceiros comerciais do Brasil, Lula já havia visitado Estados Unidos (2º) e Argentina (3º).
Em busca de reaproximação, Lula também recebeu o chanceler alemão, Olaf Scholz, em Brasília, e foi ao Uruguai.
A ex-presidente Dilma Rousseff durante reunião inaugural como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics, em Xangai, na China, em 28 de março de 2023. — Foto: Divulgação/ NDB
Posse de Dilma no Banco dos Brics
Lula deve desembarcar em Xangai nesta quarta-feira (12). No dia seguinte, quinta-feira (13), ele participa da cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco do Brics.
Ainda em Xangai, o petista se reunirá com empresários e viajará à noite para Pequim, capital da China.
Conversa com Xi Jinping
De acordo com o Palácio do Planalto, Lula e o presidente chinês vão se encontrar na sexta-feira (14).
O petista e Xi Jinping devem tratar de temas que vão desde a guerra entre Rússia e Ucrânia e questões comerciais, de governança global, até a promoção de produtos brasileiros no mercado chinês.
Apesar de o Brasil não estar diretamente envolvido no conflito no leste europeu, Lula já disse publicamente que conversará com o presidente chinês sobre o papel do país asiático na resolução da guerra.
O presidente brasileiro quer que China seja um dos líderes de um grupo de países para buscar uma saída diplomática para a guerra envolvendo Rússia e Ucrânia.
Lula tem dito que o presidente russo, Vladimir Putin “não pode ficar com o terreno” invadido na Ucrânia, mas que “talvez nem se discuta a Crimeia”, uma das regiões ucranianas invadidas pela Rússia.
Em uma rede social, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, afirmou que o país agradece os “esforços” do presidente Lula para tentar pôr fim à guerra na região, mas que o país não cederá “um centímetro” de terra à Rússia.
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Disputa entre China e EUA
No cenário internacional, a viagem de Lula ainda coloca o governo brasileiro no centro da disputa de influência e poder entre China e Estados Unidos. Depois de anos de relações mornas resultantes de ruídos causados pelo governo Bolsonaro com os dois países, o Brasil vai se consolidando como a nova trincheira de chineses e americanos.
As duas superpotências vivem um momento tenso em sua competição econômica e política, com troca de acusações de espionagem e difamação que ameaçam descambar para um conflito militar em Taiwan — que a China vê como seu território e que os EUA encaram como independente.
Além do encontro com Xi Jinping, na sexta-feira Lula participará de um jantar com o presidente chinês e de reuniões com Zhao Leji, presidente da Assembleia Popular Nacional, no Grande Palácio do Povo, e com o primeiro-ministro Li Qiang.
O petista também tem o desafio de desatar nós na relação, herdados da gestão de Jair Bolsonaro. Em seus anos de mandato, o ex-presidente alinhou-se irrestritamente ao colega americano Donald Trump e fez reiteradas críticas ao regime chinês — até mesmo no comércio de vacinas contra a Covid-19.
Parada em Abu Dhabi
Na viagem de volta para o Brasil, Lula fará uma parada nos Emirados Árabes Unidos.
Ele deve se reunir com lideranças locais em Abu Dhabi, capital do país árabe, no sábado (15).
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